Durante
discussão em programa jornalístico, o ex-diretor do Inpe (Instituto Nacional de
Pesquisas Espaciais), Ricardo Galvão, reponde às críticas do presidente Jair
Bolsonaro aos dados de desmatamento do Deter (Detecção do Desmatamento em Tempo
Real): “nós [do Inpe] usamos as publicações científicas, não a balela que vocês
usam, coisa de Twitter”.
A
troca de acusações envolvendo o ex-diretor do Inpe, Ricardo Galvão, o
presidente Jair Bolsonaro e seus ministros, Ricardo Salles (Ambiente) e Marcos
Pontes (Ciência), começou no dia 3 de julho de 2019, quando dados do Deter,
sistema de alertas de desmatamento do Inpe, apontaram que o desmate na Amazônia
cresceu. Alertas do Inpe indicam alta de 40% em desmatamento na Amazônia em
junho e julho deste ano, em comparação com 2018.
Segundo
Ricardo Salles, os dados do Inpe não são mentirosos, como sugeriu Bolsonaro,
mas dão margem para “interpretações sensacionalistas”. “Eu não tenho dito que
os números estão manipulados, mas que a forma de se apresentar os números está.
A imprensa teve acesso a isso antes do Ibama, um repórter sabia dos dados antes
do próprio órgão. Isso é inadmissível”, disse.
O
ex-diretor do Inpe, acusado por Bolsonaro de estar “a serviço de alguma ONG”,
aproveitou o momento para defender a si mesmo e ao Instituto. “O presidente da
República chamou os dados do Inpe de mentirosos. Ele acusou todos os cientistas
do Inpe de terem cometido crime de falsidade ideológica. Ele me acusa de estar
a serviço de uma ONG internacional. Eu não sou uma criança, eu tenho uma
respeitabilidade internacional enorme. O presidente da República me acusa. Não
acha isso errado ministro?”, questiona.
Salles
defendeu o presidente e afirmou que Jair Bolsonaro é “uma autoridade política
que tem liberdades”. O ministro disse ainda que Galvão deveria ter tido
autocontrole durante a entrevista, na qual afirmou que o presidente agia “como
se estivesse falando em botequim”. O ex-diretor do Inpe rebateu, alegando que,
apesar de Bolsonaro ser uma autoridade, ele não tem “liberdade moral” para
fazer acusações.
Além
disso, em 6 de agosto, novos dados do Deter mostraram que a situação era pior
do que se pensava e, devido a crise e a relação tensa entre o governo Bolsonaro
e países europeus que dão recursos para proteção do ambiente, a Alemanha
cortará o repasse de quase R$ 150 milhões para preservação da Amazônia. (Diário do Nordeste)
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