Diferentes
tipos de lembranças podem vir à tona através dos sentidos. Como exemplo, a
visão, o olfato e o tato nos permitem ver, cheirar e sentir coisas que nos
remetem a determinadas passagens de nossas vidas: entre tantas, às brincadeiras
da infância correndo livre no quintal da casa da avó, embaixo de uma
laranjeira, em Nova Olinda. E é a partir de uma árvore como esta, com a madeira
extraída dela após ter chegado ao fim da vida, que o designer Alan Araújo
produz parte de seu trabalho. O valor sentimental, além de todo valor físico e
visual, então, torna-se inestimável.
As
indagações de Alan Araújo sobre qual caminho percorrer após o Ensino Médio,
período de análises e novas descobertas, levaram- -no a uma certeza até então
desconhecida. Em visita à Universidade Federal do Ceará, Campus Cariri – atual
Universidade Federal do Cariri (UFCA) ele se encantou com o curso de Design de
Produtos, após participar de palestra no Núcleo de Artes Visuais (NAVE).
“Lembro de como tinha meu caderno de desenhos na infância e como sempre
brincava com a ‘caixinha de joias’ da minha tia. Anos passaram e continuo
fazendo o mesmo: brincando de criar e projetar novas peças”, conta.
Hoje,
um sketchbook sempre o acompanha para desenhos e anotações que lhes vêm à
mente. “A peça feita a mão carrega uma poesia que não se compara. São únicas.
Por mais que façamos de novo, jamais sairão perfeitamente iguais”, relata Alan,
ao deixar claro que, no processo, ele preza pelo diálogo com os interessados em
seus produtos, feitos com materiais como madeira, prata e Pedra Cariri.
Além
de participação em feiras, como a Feira Cariri Criativo, e eventos de forma
individual, como a participação no Dragão Fashion, a convite do Senac, Alan já
desenvolveu outros trabalhos em coletivo. Com a Pedra Cariri, inclusive, Alan
integrou o grupo Metal Fóssil, junto a outros alunos do curso de Design da
UFCA. Cada um com sua estética, eles desenvolveram peças que foram expostas em
um evento em Fortaleza e em lugares como Itália, dando destaque à joalheria
autoral local.
Já no
projeto Memórias do Interior, os integrantes foram incentivados a pensar
diferentes temas ligados ao Cariri. Para sua participação, Alan se inspirou em
elementos locais, como o crescimento pujante que caminha junto aos traços do interior.
Além de murais instalados no Cariri Garden Shopping, os resultados podem ser
vistos em estampas produzidas pelo jovem artista, que também se destaca com a
moda agênero. “Não vejo a moda, a joia como algo masculino ou feminino.
Desenvolvo produtos para ‘pessoas’. Penso em coisas que eu gosto e que gostaria
de usar, assim compartilho meu trabalho com quem vier a se interessar. Sempre
buscando formas que se adequam aos diferentes corpos, coisa que não é tão fácil
como parece. Por isso, sigo pesquisando e testando formas e diferentes
materiais”.
(Fonte: Jornal do Cariri)
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