A
organização criminosa de agiotagem comandada por colombianos no Ceará pode ter
feito até cem vítimas, conforme informações da Polícia Civil. Estima-se que, em
seis meses, quase R$ 2,5 milhões foram enviados à Colômbia, como resultado das
ações criminosas. Esse valor deve ser ainda maior, já que ainda não foi
autorizada a quebra de sigilo bancário dos envolvidos.
A
rede de crimes contra a economia popular tinha como alvo pequenos comerciantes,
geralmente também colombianos, que não possuíam documentação necessária para
garantir créditos bancários e abrir seus negócios no Brasil. Há vítimas em
vários municípios do Ceará, como Quixadá, Iguatu e na região do Cariri, onde
foram presas 11 pessoas na manhã desta terça-feira (3), sendo quatro
colombianos e cinco brasileiros. Foram encontradas também
vítimas do golpe em Pernambuco.
Os
valores emprestados variavam entre R$ 100 e R$ 3 mil, podendo ser ainda maior.
Conforme explica o delegado regional do Crato, Giuliano Sena, os criminosos
cobravam juros de, pelo menos, 20% ao mês e cobravam por meio de extorsão,
tomando bens das vítimas como pagamentos. Além disso, se houvesse atraso, eram
aplicados novos juros de 20%, ou seja, juros sobre juros. "As ofertas
feitas por eles pareciam ser tentadoras. Eles distribuíam cartões com contatos
e dizeres ‘empréstimos para comerciantes’ e com a opção de planos de pagamentos
diários. Dessa forma, eles atraíam os clientes", pontua.
Parte
dos valores arrecadados eram enviados para a Colômbia a familiares de alguns
desses estrangeiros, por meio de depósitos bancários. A polícia também já
identificou um dos receptadores na Colômbia.
Esquema
A
rede de agiotagem funcionava com quatro estágios de operação, onde cada pessoa
tinha uma função diferente. O comando estava com o colombiano Mario Andres
Nunes Pietro. Ele é sócio do brasileiro Paulo Morais de Lima em uma empresa de
transporte alternativo e em uma construtora de fachada, usada para disfarçar a
ação.
O
filho de Paulo Morais, Paulo Aleff Rodrigues de Lima, era o coordenador dos
empréstimos. Já Darwin Plaza Alvarado funcionava como fiscal para fazer o
controle das quantias emprestadas a cada vítima. Por fim, os cobradores, que
atuavam diretamente na cobrança diária dos valores. Estes últimos recebiam
cerca de R$ 400 por semana para realizar a ação.
De
acordo com a polícia, estima-se que haja três mil colombianos no Ceará que, em
sua maioria, vêm para praticar esse tipo de crime. A maioria permanece no
Brasil de seis meses a um ano, passando por diversas cidades.
Prisão
Às
5h30 da manhã desta terça-feira (3), 123 policiais foram às ruas cumprir 12
mandados de prisão, 31 e busca e apreensão e 17 para o sequestro de bens dos
investigados. A operação ocorreu nas cidades de Juazeiro do Norte, Crato e
Barbalha.
Foram
presos, por força de mandados de prisão, os colombianos Mario Andres Nunes
Prieto (30), Omar Camargo Lizarazo (55), Jhon Edson Grajales Buitrago (29) e
Darwin Plazas Alvarado (32), além dos brasileiros Dejesus Moreira Pires (25),
Fabrício Duarte Monteiro (23), Jaqueline Maria da Silva (37), Paulo Aleff
Rodrigues de Lima (26) e Paulo Morais de Lima (50).
Duas
pessoas também foram capturadas em flagrantes, sendo elas o colombiano Yilber
Arbey (30) e a paraense Renata Janaína de Souza Batista (31). Eles foram
autuados em um termo circunstanciado de ocorrência (TCO) por crime contra a
economia popular.
A
polícia também apreendeu motocicletas, carros, e mais de R$ 23 mil em moeda
nacional e estrangeira (dólar, euro e pesos colombianos).
(Fonte:
G1 CE)
Postar um comentário