Dona Angelina mostra certidão de nascimento ao lado de Maxwell Pariz e Carla Pariz. FOTO: Normando Sóracles
Uma senhora de Juazeiro do Norte recebeu ontem sua primeira certidão de nascimento aos 66 anos. O fato aconteceu na tarde desta quinta-feira (12), no Cartório Pariz. Depois da certidão de nascimento, dona Maria Angelina dos Santos planeja tirar a carteira de identidade, a carteira de trabalho e o título de eleitor.

Dona Angelina foi adotada ainda criança, mas as pessoas que a tutelavam morreram antes de registrarem seu nascimento em cartório. “Eu nunca liguei, eu pensei que nunca iria envelhecer e que não precisava”, explica dona Angelina, que viveu parte da vida nas ruas. Atualmente, dona Angelina mora em uma casa alugada, que divide com duas cachorras que resgatou da rua, Branquinha e Moreninha. A água da residência foi cortada pela falta de titularidade, que ela não pode assumir pela falta de registro de nascimento.

Tudo mudou quando dona Angelina foi levada ao Cartório Pariz pela amiga Cícera Idelma. Em reunião com o tabelião Maxwell Pariz, dona Angelina compartilhou uma história de vida marcada pelo abandono e pela marginalização. O encontro durou duas horas e comoveu o tabelião. “Nós, registradores civis, temos essa missão de ir ajustando os documentos das pessoas, especialmente quando nós encontramos pessoas como dona Angelina”, explica Maxwell Pariz.

Em 15 de agosto deste ano, o tabelião iniciou a busca pelas provas necessárias para a expedição da certidão de nascimento de dona Angelina. “Nós precisamos reunir alguns documentos, eu fiz algumas pesquisas, conversei com a agente de saúde, pesquisei no município, verifiquei se ela tinha documento, convoquei outra pessoa para colaborar na verificação até que nós reunimos o necessário para que que ela recebesse, enfim, uma certidão de nascimento”, conta Maxwell.

Como não sabe escrever, Dona Angelina assinou a certidão
com sua digital. FOTO: Normando Sóracles
Em entrevista ao Site Miséria, dona Angelina se emocionou ao falar sobre sua certidão de nascimento. “Eu sou a pessoa mais feliz do mundo”, afirmou a cidadã juazeirense. Agora os planos de dona Angelina são retirar a carteira de identidade, a carteira de trabalho para que possa trabalhar de forma digna, e o título de eleitor, para realizar o sonho de votar pela primeira vez.

O Cartório Pariz expede com frequência registros de nascimento tardio. “Um sonho antigo que nós temos é eliminar o sub-registro da nossa cidade, poder dizer que em nossa cidade todo mundo tem registro de nascimento”, revela o tabelião Maxwell Pariz. O serviço é oferecido pelo Cartório de forma inteiramente gratuita a todos aqueles que os procuram.

(Fonte: Site Miséria)

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