Congresso Artefatos da Cultura Negra, que realizará sua 10ª edição no período de 23 a 28 de setembro de 2019, tem se constituído enquanto espaço importante de formação política, pedagógica e cultural pautando a necessidade de construção de uma educação antirracista que positive a presença negra na história e na cultura brasileira, ao tempo em que aponta proposições no campo das políticas públicas para a superação das desigualdades raciais. O evento tem caráter interdisciplinar e diálogo estreito com os grupos que preservam a cosmovisão africana no Cariri cearense e contempla formato itinerante percorrendo diversos municípios do Cariri.

Espera-se contribuir na ampliação das ações pedagógicas, políticas, científicas e artístico-culturais com protagonização dos pesquisadores da temática no campo das relações étnico-raciais e da população negra, dos grupos populares e artistas da região com foco na diversidade, ancestralidade e fortalecimento dos diálogos entre os saberes tradicionais e acadêmicos. Enquanto espaço de formação pedagógica, tem desenvolvido ações no campo da educação das relações étnico-raciais e do conhecimento que envolve a produção afrodescendente no Brasil voltadas para professores da educação básica e estudantes de diversos cursos de licenciatura. Confira a programação.

O diálogo entre universidades, escolas, movimentos sociais e grupos culturais constitui condição importante no enfrentamento ao racismo e ressignificação da relação com a cultura negra brasileira. O Congresso tem, ao longo de 09 (nove) edições, estabelecido conexões com pesquisadores de universidades de vários estados brasileiros e de vários países, como Porto Rico, Nigéria, Cuba e Estados Unidos. Das universidades brasileiras o evento contou com a participação de professores da Universidade Federal do Ceará – UFC, Universidade da Integração da Lusofonia Afro-Brasileira – UNILAB, da Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ, da Universidade Federal da Bahia – UFBA, da Universidade Federal do Espírito Santo – UFES, da Universidade Federal do Amapá – UNIFAP, da Universidade de São Paulo – USP, da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro – UFRRJ, da Universidade Federal de Campina Grande – UFCG, dos Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará, Bahia, Rio de Janeiro, dentre outros.

O evento também tem recebido palestrantes das várias secretarias de educação dos estados brasileiros, da ONG Crioula, Defensoria Pública do Estado da Bahia e do Ceará, do IPEAFRO, artistas brasileiros e estrangeiros, dentre outros. Além desses o evento tem contado com uma significativa participação de palestrantes locais: professores da educação básica e das universidades da região, estudantes de graduação e de pós-graduação, integrantes dos movimentos sociais e dos grupos culturais. Também tem dado uma importante contribuição na produção de material bibliográfico com a temática no formato de livros e os Cadernos de Anais. Assim, percebe-se a importância dessa ação na ampliação dos estudos sobre afrodescendência, bem como apresenta uma agenda importante para o campo das políticas públicas de enfrentamento ao racismo no Cariri cearense.

Na sua última edição, em 2018, o evento contou com um trabalho de mobilização, sensibilização e formação que antecedeu os dias do Congresso. Foram realizadas atividades formativas no Centro de Formação de Professores da Universidade Federal de Campina Grande – UFCG, na cidade de Cajazeiras/Paraíba; vivências pedagógicas no campus da Universidade Federal do Cariri – UFCA, em Juazeiro do Norte/Ceará; vivências pedagógicas e atividades culturais em comunidades quilombolas do Cariri cearense e a realização da I Mostra Itinerante de Cinema Africano que em parceria com o Fórum Itinerante de Cinema Negro (FICINE/RJ) levou produções africanas e rodas de conversa para 08 (oito) localidades diferentes: escolas, centros culturais, quilombos, praças, ONGs e outros. A mostra escolheu na sua primeira edição projetar curtas-metragens da África Lusófona, em sua maioria moçambicanos, que tratam de temáticas diversas em torno das realidades sociais, políticas e culturais africanas. A curadoria, ao contrário do estereótipo de pobreza e carência pelo qual o continente é comumente retratado, selecionou filmes que apresentam a complexidade e potência dos dramas humanos do continente, com destaque para a temática dos Direitos Humanos.

Na edição de 2018, com a temática “Aquilombar é preciso!” as ações culturais e formativas também transpuseram os limites das universidades e ocorreram nos terreiros culturais das zonas rurais e periféricas, quilombos e no Centro Cultural do Araripe – Largo da RFFSA, na cidade de Crato-CE. A programação cultural deu visibilidade à música africana e do Cariri cearense com participação intensa dos grupos populares, de tradição e de vários artistas com foco na diversidade, ancestralidade e diálogos com os saberes tradicionais.

É urgente a necessidade da ampliação dessas ações e presença maior do Poder Público e das universidades envolvidas de forma a positivar a presença negra na história e na cultura brasileira, ao tempo em que sinalize proposições no campo das políticas públicas para a superação das desigualdades raciais e sociais.

Portanto, em sua décima edição, propomos a ampliação do evento, aumento da participação dos grupos populares, do número de quilombos como espaços de programação, da visibilidade e interação com o público. A décima edição do Artefatos da Cultura Negra busca criar um território de trocas de saberes entre academia, escolas, movimentos sociais, mestras e mestres da cultura, artistas e comunidades tradicionais com o intuito de construir redes, criar formas de resistência e promover afetos a fim de fortalecer pessoas e espaços que reflitam e coloquem em prática o combate ao racismo.

A programação itinerante do evento foi aberta no dia 09 de agosto de 2019 no sítio Poço Dantas na cidade de Crato – CE com ação em parceria com o I Seminário Nacional sobre Povos Indígenas do Cariri cearense.

Essa ação, com programação em 12 localidades diferentes, tem se realizado em parceria com a Ação Libertária de Desenvolvimento e Educação Interativa Ambientavelmente Sustentável – ALDEIAS, o Movimento de Arte e Cultura do Sopé e Serra do Araripe – MOACPÉS, Grupo de Valorização Negra do Cariri – GRUNEC, o Serviço Social de Comércio – SESC/Crato e Juazeiro do Norte, o Centro Cultural do Banco do Nordeste – CCBNB/Cariri, o Fórum Itinerante de Cinema Negro – FICINE, com o Núcleo de Estudos de Descolonização do Saber – NEDESA/Departamento de História da URCA, a Cáritas Diocesana de Crato, a Rede de Educação Cidadã – RECID, o Bar Cinema e Poesia.

A Comissão de Organização convida a comunidade acadêmica, os profissionais da educação básica, integrantes dos movimentos sociais e o público em geral para participar das atividades que ocorrerão no período de 23 a 28 de setembro de 2019. Espera-se que essa ação fortaleça os elos ancestrais que nos unem e contribua para assegurar uma agenda que sinalize o fortalecimento da luta antirracista no Brasil.

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