FOTO: Arnaldo Carvalho |
Segundo
Daniel Mattos, executivo da ABCP, o acordo está sendo feito com a Marinha do
Brasil, o Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis
(Ibama) e a Agência Nacional do Petróleo (ANP). "Há três semanas,
procuramos o Ministério do Meio Ambiente para ajudar a mitigar o problema
causado nas cidades e praias afetadas pelo vazamento", afirmou.
A
ABCP é uma instituição técnica que faz pesquisas sobre o cimento e suas
aplicações. É mantida por dez indústrias no País, responsáveis por 80% da
produção do produto no Brasil.
Quatro
das fábricas estão localizadas no Nordeste e serão utilizadas para receber o
petróleo cru que não cessa de contaminar praias, estuários e as fozes do rio
Jaguaribe (Ceará) e do rio São Francisco (Alagoas). A Votorantim, que está em
Sergipe e no Ceará (Sobral); a Intercement que funciona na Bahia e em Alagoas;
a Apodi, sediada no município de Quixeré, no Ceará e a Brennand, na Paraíba.
De
acordo com Daniel Mattos, as dez indústrias juntas queimam 1 milhão de resíduos
alternativos por mês, que representam 15% do total utilizado como fonte
energética. O petróleo cru recolhido nos estados nordestinos tem condição de
ser processado sem grande empecilho.
Daniel
Mattos explica que o primeiro passo da ABCP foi pesquisar a viabilidade do uso
dos resíduos sólidos contaminados com óleo na geração de energia térmica para a
produção do cimento. Estudos para saber o que havia além de areia, madeira e
outras coisas misturadas ao óleo.
"Constatamos
que é possível aproveitar (o petróleo coletado) lançando mão da tecnologia do
coprocessamento, utilizada para substituir os combustíveis fósseis - como coque
de petróleo e carvão mineral", disse Daniel Mattos.
As
900 toneladas da mancha de óleo, depois de receberem tratamento adequado, se
transformarão em combustível ou matéria-prima alternativa nos fornos de cimento
das indústrias sediadas no Nordeste.
Os
detalhes logísticos e comerciais referentes ao manuseio do óleo estão sendo
tratados, individualmente, por cada uma das fábricas e órgãos estaduais
envolvidos.
No
Ceará, a Superintendência Estadual do Meio Ambiente (Semace) destinou mais de 2
toneladas da substância tóxica para os fornos da fábrica de cimento Apodi.
Em
Pernambuco, o óleo está sendo levado para um centro de tratamento de resíduos
em Igarassu, no Grande Recife - o Ecoparque Pernambuco.
Em
Sergipe, segundo Daniel Mattos, não há estação de tratamento e a Votorantim
está negociando receber os resíduos. Na Bahia, o petróleo misturado com areia e
outros materiais está sendo processado na Central de Tratamento de Efluentes
Líquidos (Cetrel) e depois seguirá para as cimenteiras. (O Povo)
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