FOTO: Toni Sousa |
Dalvani
de Oliveira, de 69 anos, é conhecida por muitos como “parteira” ou “médica” das
bonecas. Segundo ela, começou a bordar e conserta-las ainda jovem, quando fazia
trabalhos de costura junto com sua mãe, Dona Alzira. Ela morava no bairro Pinto
Madeira, em Crato, e depois mudou-se para Barbalha.
“Costurava
com trabalhos manuais ainda criança, com máquina de pedal. Usava a máquina da
minha mãe, e logo depois comecei a fazer trabalhos por conta própria. Antes
fazia roupas e bordados, mas depois que comecei a costurar roupas de criança,
comecei também a fazer roupas para bonecas. Desde então fui mudando de tática e
me aperfeiçoei nisso”, conta Dona Dalvani.
Após
casar-se e vir morar em Barbalha, sua mãe vinha muitas vezes deixar bonecas
para que ela pudesse as consertar ou fazer roupas. “Já fiz muita roupa para
bonecas, inclusive para filhas de pessoas importantes do Crato. Fazia de todo
tipo. Hoje elas estão espalhadas pelo Brasil todo, com o boca a boca as pessoas
vão conhecendo e vindo me procurar”, afirma.
Ela
conta que a inspiração para fazer as peças sai na hora, mas também pode fazer a
partir dos pedidos do cliente. Dona Dalvani cria roupas a partir de retalhos ou
tecidos, e segundo ela, sempre dá um jeitinho para as peças saírem no gosto da
criança. “Boa parte das bonecas que recebo são encomendas, eles dizem como
querem ou mostram o modelo, e eu faço”, diz a senhora.
Segundo
ela, as bonecas podem ter custo e tempo de trabalho a depender do estado da
peça. “Pode levar uma hora ou um dia, vai depender do estado em que a boneca se
encontre”, explica.
Conhecida
como a cirurgiã de brinquedos, ela explica que muitas vezes recebe bonecas para
fazer “transplante” de uma perna, um braço ou cabeça. Muitas delas vem muito
desgastadas ou sem condições de servir como brinquedo, mas que ela consegue dar
nova vida.
“Vou
fazendo essas cirurgias e dando nova vida as minhas ‘meninas’. Acabou se
tornando uma terapia para mim”
Recentemente
Donda Dalvani passou por problemas de saúde que vieram a inviabilizar o
trabalho por cerca de seis meses, inclusive fazendo com que ela desenvolvesse
quadro depressivo. Ela contou que com ajuda das crianças que a visitam e das
filhas (biológicas) conseguiu reverter o quadro, e voltar a confeccionar as
roupinhas e cuidar de suas “filhas”.
“Se
não fossem elas [as crianças], talvez eu tivesse abandonado tudo. Eu faço hoje
com muita alegria tudo isso. O retorno financeiro é suficiente para comprar
remédios e outras coisinhas, para não depender de ninguém. Ainda sinto algumas
dores, mas vou levando a vida com felicidade por fazer o que gosto. Não tem
fita métrica para medir a minha felicidade”, completa.
Questionada
se um dia iria se aposentar da missão com as bonecas, ela já afirma “Jamais.
Meu trabalho é por tempo indeterminado e vai até onde eu puder fazer”. Dona
Dalvani tem hoje três filhos, oito netos e um bisneto. Na oportunidade, ela
contou que quando criança só ganhou uma boneca, mas que ela era apenas um
enfeite e não podia brincar com ela. Hoje se depara com um acervo variado que
ela considera como filhas. Suas netas, inclusive, tem todas as bonecas
personalizadas pela avó.
(Fonte:
Site Badalo)
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