Imagens de câmera de segurança que fazem parte das
investigações
da polícia mostram suspeitos em hotel em agosto de 2019
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A
Justiça do Ceará aceitou a denúncia do Ministério Público e tornou réu dois
gerentes do Banco do Brasil acusado de envolvimento em um esquema criminoso que
desviou R$ 59 milhões da instituição. Pedro Eugênio Leite Araújo e Celso Luiz
Grillo de Lucca, servidores das agências de General Sampaio e Tejuçuoca,
foram presos em
agosto e são acusados de aplicar uma fraude que envolvia também
pessoas de São Paulo e Minas Gerais.
A
denúncia aponta que R$ 59 milhões foram desviados da instituição financeira, a
partir da agência de General Sampaio. Os dois gerentes e um terceiro homem, de
Contagem, em Minas Gerais, foram denunciados por associação criminosa e fraude.
A denúncia, elaborada pelo promotor de Justiça Jairo Pequeno Neto, foi recebida
pelo juiz José Cleber Moura do Nascimento, da Comarca de Pentecoste - cidade
próxima a General Sampaio.
O
advogado Waldir Xavier, que representa Pedro Eugênio, defende que o cliente foi
vítima de extorsão e de sequestro. “De repente, ele está no polo ativo como se
tivesse cometido o crime e participação delitiva com os outros acusados. Ele
nega veementemente isso. Vamos aguardar sermos citados oficialmente para
podermos rebater, nos autos, as acusações que lhe são formuladas”, declara.
O
advogado Hélio Leitão, responsável pela defesa de Celso Luiz, informou que
ainda não recebeu a denúncia e, por isso, não poderia se pronunciar. “O que
podemos assegurar é que ele é inocente, vítima de extorsão. Vítima e não autor
de delitos. Impetramos habeas corpus junto ao Tribunal de Justiça e esperamos
que sua liberdade seja logo restaurada”, ressalta. A defesa do terceiro
denunciado, o mineiro Jeferson Alves Ferreira, não foi localizada.
Por
meio de nota, o Banco do Brasil informou que “apura o caso, seguindo os
trâmites previstos em seu processo de gestão disciplinar”.
Além
dos três homens detidos no Ceará, outras três pessoas foram presas em 23 de
agosto, em São José do Rio Preto, em São Paulo, enquanto realizavam operações
financeiras. Um dos capturados havia recebido R$ 59.998.765 em sua conta.
Plano
criminoso e falso sequestro
Segundo
a denúncia do Ministério Público, os criminosos criaram um débito na agência de
General Sampaio, com a assinatura dos dois gerentes, e creditaram o valor em
uma conta-poupança da cidade de São José do Rio Pedro, em São Paulo, em 22 de
agosto deste ano.
A
superintendência do Banco do Brasil estranhou que os funcionários não tenham
comunicado nada a respeito da operação. Após obterem o crédito, "os
criminosos continuaram sua empreitada para distribuição dos numerários",
afirma o MPCE.
Diversas
contas foram utilizadas no crime, incluindo a de Pedro Eugênio e de parentes de
Celso. Outros integrantes teriam tentado comprar um veículo Hilux e uma
fazenda.
Conforme
a acusação, Pedro e Celso estavam "totalmente envolvidos" com a
situação e, quando perceberam que a trama seria descoberta, forjaram uma
narrativa de sequestro, durante três dias. As constatações se deram por meio da
análise de conversas entre os envolvidos por meio de aplicativos de mensagem.
Depoimentos
Em
depoimento à polícia, Pedro Eugênio negou participação nos crimes, alegando que
foi sequestrado e obrigado a realizar, no banco, "todos os procedimentos
que demais membros da associação criminosa ordenaram, sob pena de matarem ele e
a sua esposa". Além disso, não avisou à empresa sobre a extorsão porque
tinha "medo de sofrer represálias".
Porém,
para o MPCE, a versão é "inverídica" porque as provas apontaram que
ele estava na lista de beneficiários para receber, no mínimo, R$ 600 mil. Além
disso, afirma que Pedro "ficou o tempo todo na posse de seu celular,
dormia em casa e também foi pegar Jeferson no hotel", como revelaram as
imagens de câmeras de monitoramento de um hotel em Fortaleza.
Em
seu interrogatório, conforme a denúncia, o mineiro Jeferson Alves confessou
toda a operação criminosa e afirmou que os dois gerentes estavam envolvidos
porque, para movimentar a alta quantia financeira, o grupo precisava da
assinatura digital de ambos.
Celso
Luiz também negou participação para a polícia. Ele afirmou que foi visitado por
Pedro e dois supostos funcionários do banco, mas, só depois de entrar em um
carro, foi informado de que estava sendo monitorado e que, se “agisse de forma
diversa”, matariam a ele, sua mãe e Pedro. O Ministério Público apurou que
Celso e alguns parentes estavam na lista de pessoas que receberiam os valores. (G1 CE)
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