FOTO: ANTONIO RODRIGUES |
Já
o trabalho do Monitoramento Integrado consiste em gerar relatórios de infestação
do mosquito, permitindo localizar os pontos de maior incidência e quais vírus
ele carrega. O Mi-Aedes, desenvolvido pela empresa mineira Ecovec, captura o
mosquito adulto através do atraente sintético de oviposição (AtrAedes).
Depois
disso, eles são enviados para uma análise viral através da técnica de biologia
molecular chamada PCR, que cria várias cópias de segmentos específicos de DNA e
permite o diagnóstico, detectando a presença dos vírus da dengue (sorotipos 1,
2, 3 ou 4), zika e chikungunya.
Para
obter o geoprocessamento e índices de infestação, a vistoria nas armadilhas é
realizada, semanalmente, por um agente de endemias que utiliza aplicativo
específico em um dispositivo móvel. O resultado gera mapas, gráficos e tabelas.
"Até
hoje, o que se tinha era o controle da forma prematura, a fase larvária, mas,
com esse método, também prevenimos a forma adulta", explica a coordenadora
do Núcleo de Controle de Endemias, Mascleide Feitosa.
Cobertura
As
armadilhas alcançam 85% do território de Juazeiro do Norte. "A gente não
pode colocá-las numa área sem ser habitada", justifica Mascleide.
Das
570 armadilhas, 48 fizeram 84 capturas, embora nenhum mosquito estivesse
infectado com dengue, chikungunya ou zika. Caso fosse positivo, a empresa
mineira sinalizaria imediatamente à Secretaria Municipal de Saúde, que faria a
solicitação de inseticida ao Estado para realizar o bloqueio químico.
"Se
fizermos em tempo hábil, a gente quebra a cadeia de transmissão", adverte
Feitosa. A coordenadora acredita que o MI-Aedes será importante para fazer um
controle vetorial mais preciso "Buscamos elementos para somar nesse
combate", pontua.
Prevenção
Mesmo
que não encontre vírus nos mosquitos capturados os agentes de endemias realizam
o trabalho para eliminar os focos. A armadilha, por exemplo, abrange um raio de
200 metros. Por isso, a equipe visita todas as residências nas proximidades até
encontrar o local onde eclodiu o ovo do mosquito.
O
MI-Aedes também permite trabalhar de forma prioritária nos locais onde há maior
concentração dos insetos. Antes da implantação deste novo método, iniciava-se
um ciclo de prevenção, feito de casa em casa, entre 45 e 60 dias.
Após
trabalhar junto aos moradores de todos os imóveis, o agente voltava ao primeiro
para fechar o ciclo. "Com o monitoramento, a gente trabalha com o Índice
Médio de Fêmea Adulto Ponderado. Vamos direto aos locais onde as armadilhas
apontam risco maior", enfatiza Mascleide.
Triagem
Antes
da implementação das armadilhas, foi feito um georreferenciamento, que
determinou os pontos de instalação. Depois disso, há uma conversa com o morador
da casa onde os aparelhos são colocados e se assina um termo de consentimento.
Os agentes também foram treinados e passaram por três capacitações. Apesar de
apenas sete trabalharem com o MI-Aedes, outros também receberam a formação para
suprir a equipe em períodos de férias ou licença médica.
Segundo
o agente de endemias José Brito, até agora as famílias têm recebido muito bem o
novo sistema. "Por sinal, tem muita gente pedindo que coloque em sua casa,
mas temos que explicar que não são em todas as residências", pondera.
A
dona de casa Geralda Araújo Corrêa recebeu com entusiasmo a armadilha dos
mosquitos, pois se sente mais segura com o equipamento em seu quintal. "Eu
já tive dengue uma vez. Foi horrível. A armadilha é como se fosse um conforto,
até para o espírito da gente. Eu quero que tenha fim mesmo esse mosquito. Tenho
muito medo", reforça.
Aplicação
Para
o modelo ser implantado em Juazeiro do Norte, a Prefeitura investiu R$ 279 mil.
Conforme a Ecovec, a estimativa é de que, para cada R$ 1 investido em
prevenção, será economizado R$ 6 do Sistema de Saúde (com medicamentos,
internação de pacientes, tratamento). Além disso, o MI-Aedes pode reduzir em
60% o risco de epidemia. (Diário do Nordeste)
Postar um comentário