FOTO: Ariel Gomes
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Figura
ilustre da Praça do Ferreira, em Fortaleza, um senhor de cabelos brancos
esvoaçantes e de brilho nos olhos conquistava a todos com quem cruzava e tinha
a oportunidade de conversar. E as conversas não eram sobre sua condição ou
situação financeira, mas sim acerca do seu amor pelas artes, principalmente o
cinema. No último dia 4 de outubro, “Pirrata” deixou este mundo, aos 77 anos,
figurando o imaginário dos frequentadores da praça e recebendo muitas
homenagens, inclusive da Secretaria de Cultura do Estado do Ceará (Secult).
José
Rufino da Silva era morador em condição de rua, que atuava como sapateiro no
centro da capital, e tinha a Praça do Ferreira como sua casa e também local de
expressão cultural. Ele era conhecido por um mestre dos saberes populares,
coisa que o própria dizia ter aprendido em sua vida na rua. Vez ou outra ele
via ou era convidado a assistir sessões no Cineteatro São Luiz, que viu ser
inaugurado em 1958.
Nascido
em 13 de junho de 1942, é caririense filho do distrito de Arajara, no município
de Barbalha. Foi criança para Fortaleza, onde desenvolveu ainda jovem a
paixão pelo cinema quando pôde presenciar a inauguração do emblemático prédio
que abriga o cinema na principal praça do centro da capital.
“Lembro
como se fosse ontem, foi um dia muito alegre, muito animado, muitas
autoridades. Era a inauguração de um dos prédios mais bonitos de Fortaleza e do
Brasil. O filme era “Anastácia”. Não consegui ir no primeiro dia, mas no
segundo eu estava lá”, dizia ele com memória clara sobre o dia. O sapateiro concedeu
em 2009 uma entrevista ao
jornalista Marcos Sampaio, do Jornal O Povo, onde explanou
um pouco sobre suas vivências e sua origem.
O
fotógrafo e antropólogo Jean do Anjos conhecia Pirrata como figura transeunte
daquele espaço, e contou que veio a se aproximar mais dele na oportunidade de
uma exposição fotográfica, onde inclusive fez um registro dele. “Conhecia o Sr.
Pirrita da praça. Mas só tive contato mais próximo com ele no dia do lançamento
da Exposição Afetos Urbanos, do Descoletivo, em 2015. Lá eu o vi admirando as
fotos que Marília e Régis fizeram dele. Os olhos dele brilhavam. Foi tudo tão
bonito. Neste dia eu o fotografei”, conta Jean.
Em
nota, a Secult prestou condolências a perca desta grande personalidade
cearense, o reconhecendo como figura característica da Praça do Ferreira e
também como importante promulgador da cultura e dos saberes populares.
“A
Secretaria da Cultura deseja paz, que ele siga na luz. Que familiares e amigos
encontrem conforto e apoio nesse momento de dor e partida. A Cultura celebra
sua existência, desse homem que é parte dessa história, dessa nossa memória.
Viva Pirrita!”
(Fonte:
Site Badalo)
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