Plantação em mais de 800 hectares, em 2019, representa estimativa de crescimento para o próximo ano |
O
algodão que, inicialmente, era cultivado de maneira rústica, ganha, agora, um
modelo baseado no cultivo mecanizado de base empresarial. Ou seja, todas as
operações, do plantio à colheita, são mecanizadas.
Segundo
o pesquisador da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Fábio
Aquino, com este modelo, em 2018, “os custos de produção ficaram muito abaixo
da média nacional, que está em torno de R$ 8 mil por hectare”. No Cariri, o
custo foi de R$ 2 mil a R$ 2,5 mil.
O
pesquisador conta que o cultivo foi implementado buscando maior rentabilidade e
sustentabilidade. “Produtores da região se organizaram e resolveram plantar uma
área para teste. O sucesso do cultivo foi tanto que, em 2019, foram cultivados
algo próximo a 800 hectares”, enfatiza o pesquisador. No ano passado, eram
apenas 30 hectares.
Pioneirismo
Marcos
Landim, produtor do Cariri, foi o primeiro da região a apostar na retomada do
então chamado ‘ouro branco’. “Esta é a minha segunda roça de algodão. Em 2017,
perdi uma plantação toda de milho transgênico, aí, despertei para o novo
cultivo em 2018”, lembra o produtor que colheu dois mil quilos de algodão por
hectare. Ele recebeu orientação técnica da equipe do Campo Experimental da
Embrapa Algodão, em Barbalha.
O
cultivo, apesar de recente, tende a aumentar. “Incentivei para que todo mundo
plantasse na região. Este ano foram 800 hectares”, relata o produtor que aposta
que “o plantio com certeza despertou interesse no Cariri”.
Positivo
A
condição climática é muito parecida com o restante do semiárido, mas as chuvas
no Cariri são mais previsíveis e dificilmente apresentam grandes estiagens. Na
região chove, em média, de 400 a 800 milímetros por ano. Os fatores beneficiam
o cultivo da planta, que se adapta bem a estas condições. “Tem uma altitude
excelente, um sol radiante, tudo que o algodão necessita. Outra coisa: até
agora não apresentou nenhuma praga”, relata Landim.
O
preço do quilo do caroço (coproduto que, comercialmente, pode ser encontrado na
forma bruta ou na forma de torta de algodão ou farelo) vale, em média, R$ 2.
Landim lembra que, em 2018, colheu 60 mil Kg, e apurou um total de R$ 120 mil.
Com os gastos - em torno de R$ 30 mil, conseguiu R$ 90 mil de lucro.
O
principal ponto no processo de comercialização é, no entanto, o direcionamento
desta produção que é vendida integralmente no Ceará. “Estes fatores têm servido
de estímulo aos produtores. Estão adquirindo máquinas e insumos, tudo para que
a produção do algodão alcance patamares nunca vistos no Estado”, pontua
Aquino.
(Diário do Nordeste)
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