Os
municípios de Juazeiro do Norte, Crato, Barbalha e Sobral podem se tornar
pontos de distribuição de gás natural (GN) no Ceará. A medida está prevista no
plano de expansão e atração de investidores para o mercado local. Dentre as
ações, estão a criação de corredores azuis para o modal rodoviário (rotas para
veículos que utilizam o fluido como combustível), expansão da malha de
gasodutos de transporte e a interiorização da substância para as cidades no
Nordeste do Brasil.
O
projeto foi apresentado pelas distribuidoras nordestinas, no Fórum dos
Governadores, em Recife, no último dia 8. No entanto, ainda precisa do aval dos
chefes dos executivos estaduais e Governo Federal para valer na prática. O
Consórcio Nordeste mostrará a proposta a líderes e empresários da França e
Itália a fim de buscar investimentos.
Se
aprovada, haverá mais infraestrutura, viabilizando condições logísticas e,
consequentemente, redução do custo do gás natural na Região. Efeito que
chegaria ao consumidor final tanto de residências, indústrias e termelétricas.
Outro ponto definido no plano é a construção de um gasoduto de transporte no
Terminal Portuário do Pecém, em São Gonçalo do Amarante, integrando o Piauí e
Maranhão à rede nacional de GN, com cerca de 800 Km.
O
corredores azuis seriam para garantir a rodagem com gás natural em todos os
estados nordestinos, abrangendo São Luís (MA) a Mucuri (BA), por meio das BRs
101, 304, 116, 222, 343, 316 e 135, e Fortaleza a Vitória da Conquista (BA). O
diretor-presidente da Companhia de Gás do Ceará (Cegás), Hugo Figueiredo,
explica que é possível aumentar a oferta em razão da descoberta do pré-sal nas
bacias de Sergipe e Alagoas.
A
extração estimada na região é de 20 milhões de m³/dia. O número representa
cerca de 1/3 da produção atual do País e todo consumo no Nordeste. "O
objetivo é conseguir levar o gás natural a maior quantidade de municípios. Como
a gente tem um produto que com uma série de vantagens, quanto mais houver
acesso, mas estaremos promovendo desenvolvimento para o Estado", observa.
Ele
acrescenta que já ocorrem ações neste sentido, como a construção de um gasoduto
do Cariri até Sobral. "Até o fim da concessão (2043), mas queremos
entregar 10 anos antes. Hoje, a Cegás atende aproximadamente 13 municípios e
pretendemos chegar ao fim do contrato com 31", diz.
Atualmente,
a concessionária tem estrutura de mais de 450 km de gasodutos, em Aquiraz,
Aracati, Caucaia, Eusébio, Fortaleza, Horizonte, Pacajus, Pacatuba, Maracanaú e
São Gonçalo do Amarante (região do Pecém). Outros municípios como Canindé,
Itapipoca, Itapajé e Quixadá têm postos de combustíveis que são abastecidos via
carretas de Gás Natural Comprimido (GNC).
Pedro
Felipe Gadelha Silvino, professor do Departamento de Engenharia Química e
vice-coordenador do curso de Engenharia de Petróleo da Universidade Federal do
Ceará (UFC), explica que a ampliação da malha permitiria melhor preço do
produto, favorecendo a utilização do GN para outras finalidades.
"Somos
acostumados a usá-lo como combustível veicular, o uso do gás natural para
combustível doméstico é mais para restaurante e padarias, por exemplo. Haveria
uma melhoria tanto na questão do custo e para ser mais usado, como mais uma
alternativa", explica.
O
consultor na área de combustíveis e energia, Bruno Iughetti, frisa que a facilidade
logística permite um ambiente concorrencial, atraindo empresas privadas e
quebrando o monopólio da Petrobras no setor. "Assim, vai haver mais
disputa. A abertura desse mercado para empresas privadas será benéfica para
todos os consumidores", afirma. (Jornal O Povo)
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