FOTO: Matheus Rodrigues |
O
Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos (CPTEC/Inpe) prevê chuvas
abaixo da média. Já o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) aponta
ocorrência de precipitações dentro da normalidade. A Fundação Cearense de
Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme), por sua vez, não apresenta
prognóstico para o período.
A
média histórica de precipitações para os meses de dezembro e janeiro é
reduzida, segundo a Funceme. O bimestre que inclui novembro e dezembro tem
média de 37.4 milímetros. O mês de janeiro, por sua vez, tem volume médio em
torno dos 98 milímetros. Considerando o trimestre – novembro a janeiro – o
esperado é de 136.1 milímetros.
O
meteorologista da Funceme, Raul Fritz, esclarece que "os modelos
apresentam sensibilidade pequena para esse período, pois os sistemas
meteorológicos que atuam nesses meses (Vórtices Ciclônicos e Cavados) são de
previsibilidade de curto prazo". Diante disso, segundo o especialista, as
previsões tendem a não serem tão assertivas.
Açudes
secos e ansiedade de sertanejos
Apesar
da ausência de garantias concretas, o período é aguardado com ansiedade pelos
sertanejos. O olhar antecipado sobre a pré-estação é importante pois os
reservatórios estratégicos e também os pequenos e médios açudes que abastecem
cidades estão secando no sertão cearense. Nas cisternas a água igualmente se
aproxima do fim.
Atualmente,
conforme a Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh), dos 155 açudes
monitorados pelo órgão, 84 estão abaixo dos 30%, 23 estão no volume morto e
outros 13 são considerados secos. Apenas dois (Germinal e Jenipapo) possuem
volume superior a 90%. O Castanhão, maior açude do estado, está com apenas 3,64%
do seu volume máximo.
“Quanto
mais cedo a chuva vier e com intensidade será melhor para o sertanejo”, observa
o secretário de Agricultura de Iguatu, Edmilson Rodrigues. Ele explica que só
com chuvas consideráveis a situação de criticidade pode mudar. “O lençol
freático baixa nesse período do ano e a chuva realimenta esse sistema,
favorecendo o abastecimento por meio de poços”, acrescentou.
Período
de estiagem
A
climatologista do Inpe Juliana Anochi reforça que o próximo trimestre não é de
significativas chuvas no Ceará. “É um período de estiagem”, frisou. “Em
janeiro, vamos nos reunir com a Funceme, Inmet e analisar as condições
climáticas e definir o primeiro prognóstico para a quadra chuvosa de 2020”,
disse.
A
concordância entre o Inmet e o Inpe surge quando os Institutos analisam a
temperatura da água superficial que, segundo amos, é de neutralidade no Oceano
Pacífico Equatorial. Para os especialistas dos dois órgãos, no próximo ano não
deverá ter a atuação do fenômeno El Niño, cujos efeitos são aumento das chuvas
nas regiões Sul e em partes do Sudeste e do Centro-Oeste.
A
climatologista Juliana Anochi também afirmou que a formação de El Niño foi
desconfigurada. “Não é mais ativo, o quadro atual é de neutralidade”.
Porém,
devido as mudanças de temperatura da água no Oceano Atlântico Sul Equatorial
serem mais rápidas, só será possível uma análise mais precisa nos próximos
meses. “Só a partir do fim de dezembro ou início janeiro teremos uma definição
melhor”, pontua Morgana Almeida.
Para
favorecer a quadra chuvosa no Ceará, o cenário ideal é a ocorrência do que os
meteorologistas chamam de dipolo do Atlântico, ou seja, a parte Sul mais
aquecida do que o Norte para atrair a Zona de Convergência Intertropical
(ZCIT), que é uma larga banda de nuvens e o principal sistema que traz
precipitações entre fevereiro e maio para o Ceará. (G1 CE)
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