Habituada a pagar mensalmente entre R$ 40 e R$ 50 na conta de água, a professora Karinini dos Santos teve as finanças de casa comprometidas neste mês, quando foi surpreendida com uma conta de mais de R$ 16 mil, em novembro. Mesmo após contestar o valor pelo atendimento eletrônico e presencialmente nos canais da Companhia de Água e Esgoto do Ceará (Cagece), ela teve o abastecimento cortado na última sexta-feira (8) e a cobrança de R$ 16.101,48 mantida.

O valor da tarifa excede o orçamento financeiro da professora e de seu esposo, que é recepcionista. Os dois recebem um salário mínimo, cada, e, além da água e das demais despesas de casa, precisam custear a criação dos três filhos.

"Eu passo o dia todo trabalhando fora, quando eu chego em casa à noite eu ainda tenho que resolver comida, lavar louça, lavar roupa, lavar banheiro e não tem água, eu tenho que ir buscar, descer escada, tenho que atravessar a rua pra pegar água em balde sendo que as minhas contas estão pagas", desabafa a professora.

Início do problema
Nunca houve nenhum contratempo em relação ao serviço de água, segundo ela. Mas, no começo deste ano, os moradores da região começaram a sofrer com a falta de água por vários dias. Após esse período, na conta de maio com vencimento em julho, a professora relata que houve um primeiro acréscimo, fazendo com que sua conta subisse para R$ 636,12.

"Eu fui na Cagece abrir um chamado e disse que não tinha condições da minha conta de água ter vindo daquela forma. Nem o meu prédio todinho dava aquele valor, porque era o consumo de trinta dias", comenta.

Como solução para o problema, a atendente da empresa solicitou que um técnico da área fosse até a residência para realizar uma vistoria. No entanto, Karinini conta que nenhuma visita foi feita neste período.

No mês seguinte, seu esposo foi até a Cagece para solicitar outra vistoria, mas a empresa comunicou que os técnicos haviam ido até o imóvel e que não havia ninguém.

"Isso é mentira, eu passo o dia trabalhando, mas meu esposo e filhos passam o dia em casa, pois ele trabalha a noite", relata a professora.

Já em agosto, Karinini foi pessoalmente até a empresa para tentar reaver a fatura de R$ 636,12. Com a ida, ela descobriu que o hidrômetro de sua casa havia sido trocado, mas ela não havia sido informada dessa mudança.

Nesse período, ela baixou o aplicativo da Cagece para precaver atrasos em suas tarifas de água. Após o primeiro susto, as contas de água da professora seguiram com seus valores normalizados. No entanto, por volta de 11 horas da última sexta-feira, a residência de Karinini teve seu serviço de água cortado.

Esgotamento e retorno
O corte motivou mais uma ida do esposo dela à Cagece, que não resultou em nenhuma resolução. Sequer ele foi atendido, pois a quantidade de pessoas impossibilitou o atendimento até 17h, quando ele precisava ir para o trabalho.

"Essa história já vai desde julho. Eu não estou aguentando mais. Eu estou morrendo de dor nas costas de tanta água que eu estou pegando e as minhas contas estão pagas. Eu não tenho condições de pagar R$ 16 mil. Eu estou cansada. Essa história deles já vem desde quando eu fiz a primeira reclamação e eles cortaram a minha água, eles sempre falam a mesma coisa", relata a cliente.

A Cagece informou em nota, que o imóvel receberá uma vistoria técnica até esta quinta-feira (14). "Sobre a reclamação do cliente residente do bairro José Walter, a Companhia de Água e Esgoto do Ceará (Cagece) informa que enviará até quinta-feira (14) uma equipe técnica para realizar uma vistoria no imóvel. Após resultado da vistoria, o cliente será orientado sobre os procedimentos para regularização da situação", afirmou a empresa.

Até o fim desta manhã nenhum técnico tinha ido à casa de Karinini.                    (Diário do Nordeste)

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