O caranguejo guajá do Araripe foi reintroduzido em seu
habitat natural. FOTO: Antonio Rodrigues
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De
espécie descrita há três anos por pesquisadores da Universidade Regional
do Cariri (Urca), três machos e uma fêmea do caranguejo de água doce guajá do
Araripe foram reintroduzidos no habitat natural da espécie, nesta quarta-feira
(13), em Barbalha, na Região do Cariri, interior do Ceará. A ação é uma
estratégia para preservar o crustáceo que está sob risco crítico de extinção e
foi encontrado ao longo de três riachos que nascem na encosta da Chapada do
Araripe.
De
nome científico Kingsleya
attenboroughi, o caranguejo homenageia o naturalista Sir David
Attenborough, considerado o padrinho de outra espécie endêmica da Chapada
do Araripe, o soldadinho-do-Araripe, que também está sob risco crítico de
desaparecer.
A
reintrodução dos animais foi a segunda ação envolvendo o guajá do Araripe. Há
um ano, quatro exemplares do caranguejo foram introduzidos na nascente do
Valverde, na Reserva Particular de Patrimônio Natural (RPPN) da ONG
Aquasis, no Crato. O local possui um ambiente com características semelhantes
às da área em que o crustáceo foi encontrado e é restrito a pesquisadores. O
objetivo é ampliar os locais de ocorrência da espécie em lugares distintos na
região.
O
professor e biólogo Allyson Pinheiro, responsável pela descoberta da nova
espécie – que foi descrita por ele e pelo pesquisador William Santana, da
Universidade do Sagrado Coração (USC), de Bauru (SP) – explica que o caranguejo
conseguiu ser mantido em cativeiro e apresentar bom desenvolvimento. A ideia
agora é que sua reprodução seja feita em laboratório para os exemplares serem
levados aos ambientes protegidos.
“A
nossa ideia é que seu habitat se estenda por toda essa área de encosta. Com o
processo de aquecimento global, menos chuva, mais seca, esses ambientes estão
sendo fragmentados e eles estão sendo ilhados. A existência dele é um
indicativo que a região permaneceu úmida por milhares de ano”, explica o
professor.
O
biólogo Weber Girão, da ONG Aquasis, acredita que um trabalho de cooperação
pode ajudar a conservação tanto do soldadinho-do-Araripe como do crustáceo.
Girão pesquisa a ave. “Os dois precisam da umidade, seja presente na atmosfera,
seja nos riachos. A conservação de um beneficia o outro”, resume.
Mais
espécie do Araripe
A
última espécie exclusiva da Chapada do Araripe foi descrita em setembro de
2018. Trata-se de um sapo encontrado no Crato por pesquisadores da Universidade
Federal do Pernambuco (UFPE), que recebeu o nome científico Proceratophrys ararypedescoberta. O
anfíbio possui de três a cinco centímetros de cumprimento e apresenta
características de sapos amazônicos. (G1 CE)
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