No Ceará, 42% da população sobrevivem com até R$ 420 mensais. São quase quatro milhões de pessoas na condição econômica de pobreza. Se considerarmos uma renda de R$ 145, de extrema pobreza, a porcentagem é de 12%. Os resultados, de 2018, são críticos, mas ainda conseguem exibir um cenário melhor do que o ano anterior.

Os números são da Síntese de Indicadores Sociais, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O Estado é o 5º do Nordeste em proporção de pessoas abaixo da linha da pobreza. No Brasil, essa marca é de 25,3%. Os dados retratam o ciclo econômico brasileiro, com forte impacto da crise iniciada em 2015. Até aquela data, todas as tendências eram de queda nas proporções de pessoas pobres ou extremamente pobres.

"A crise fez com que os patamares aumentassem, mas a partir de 2016 e 2017 começa uma lenta, mas importante redução. Qualquer mudança de tendência é importante", avalia o diretor do Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará (Ipece), João Mario de França. Ele ressalta que a linha de pobreza considerada pelo IBGE fixa US$ 5,50 por dia para pobreza e US$ 1,90 para extrema pobreza. "Essa linha, que é do Banco Mundial, é importante porque permite comparações internacionais", ressalta.

Apesar de redução de 1,6 ponto percentual na proporção de pobreza e na estabilidade da extrema pobreza, entre 2017 e 2018, o Ceará ainda tem muitos desafios. João Mario explica que mesmo com a retomada do dinamismo econômico acontecendo, ainda levará muito tempo para que pobres e muito pobres melhorem o rendimento no mercado de trabalho.

"Eles têm baixa qualificação, poucos anos de estudo, não têm um curso técnico ou uma habilidade específica. Na crise, são os primeiros a perderem o emprego. E, na retomada, são os mais difíceis de se recolocarem", detalha o diretor do Ipece.

O real crescimento monetário, destaca João, acontecerá no longo prazo. Com políticas que invistam no desenvolvimento infantil, com acesso à alimentação saudável, aprendizado e oportunidades. Principalmente junto às famílias que estão em condições de vulnerabilidade social extremas.

"Pensando no público adulto, existem dois mecanismos: a importância de programas como o Bolsa Família, que consegue manter as pessoas pelo menos num patamar digno de sobrevivência. Mas junto com isso é preciso manter cursos de qualificação e requalificação profissional", argumenta.

O economista Ricardo Coimbra ressalta que grande parte dos 42% da população cearense vivendo na pobreza está no interior do Estado. "Muito provavelmente alojada nos municípios menores, mais distantes e que têm dificuldade de se inserir na atividade econômica", comenta. Um problema estrutural, que precisa gerar um desenvolvimento de interiorização. Conforme o economista, tem acontecido, mas ainda de forma lenta.

Outros dados específicos do Ceará, de acordo com o documento do IBGE, exibem uma renda domiciliar per capita entre R$ 847 e R$1.025; e uma taxa de desocupação que passou de 7,1% em 2014 para 11,5% em 2018. Considerando jovens entre 14 e 29 anos, 22,3% não estão ocupados.                       (O Povo)

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