A pele de tilápia agora está sendo usada para tratar úlceras varicosas. Os estudos e testes são feitos desde novembro de 2019 pelo Serviço de Cirurgia Vascular do Hospital Universitário Walter Cantídio (HUWC). Antes a pesquisa com a tilápia já era usada no tratamento de queimaduras e na construção do canal vaginal de portadoras da síndrome de Rokitansky. 

A úlcera varicosa é um tipo de ferida na pele, geralmente na perna, que pode demorar anos para cicatrizar. Em outros casos, chega até a não ter cura. Com o estudo, pioneiro no Brasil, é possível manter um mesmo curativo por até sete dias, o que ajuda na redução de custo com insumos e diminui a dor e o risco de infecção no paciente. 

“Com base nos estudos com queimados, acreditamos que a cicatrização também será mais rápida porque a pele de tilápia estimula a formação de colágeno, que ajuda muito no processo de fechamento da ferida”, afirma Fred Linhares, cirurgião vascular da Rede Ebserh com atuação no Hospital Universitário Walter Cantídio (HUWC) e que está à frente da pesquisa. 

O preparo da tilápia inicia com a retirada de toda a musculatura, deixando apenas a pele. Depois é feito um processo de esterilização, por meio de banhos em substâncias químicas para a retirada de bactérias. Além disso também há processo para desidratação. Ao fim o material é irradiado e a pele então é colocada sobre a ferida. 

Além do estudo com pele de tilápia, há mais dois com óleo de AGE (Ácidos Graxos Essenciais) e espuma de poliuretano. Os testes, iniciados em 11 de novembro no HUWC, acompanham a evolução de 72 pacientes divididos em três grupos, conforme o tipo de tratamento. 

QUEIMADURAS E CANAL VAGINAL 
Outros estudos com pele de tilápia já foram realizados. Um deles, feito desde 2015, visa o tratamento de queimaduras. Nele, a membrana é usada como um regenerador da pele humana. Pensada pelo cirurgião plástico Edmar Maciel, coordenador da pesquisa e presidente do Instituto de Apoio ao Queimado do IJF, o procedimento reduz em 57,48% os custos ambulatoriais na recuperação dos pacientes. 

Já em 2017 outro estudo foi feito, desta vez para tratamento na correção da síndrome de Rokitansky, e duas pacientes do Ambulatório de Adolescente da Maternidade-Escola Assis Chateaubriand (Meac) obtiveram resultados positivos com a cirurgia. Idealizada pelo professor da Universidade Federal do Ceará (UFC), Leonardo Bezerra, coordenador da Residência Médica em Obstetrícia e Ginecologia da Meac, a pesquisa ainda se encontra em fase clínico-experimental.                     (O Povo)

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