FOTO: Saulo Mota
A oportunidade de acesso a uma condição de vida melhor está intimamente ligada à melhoria da estrutura de moradia. Em busca disso, algumas famílias, por falta de condições financeiras, acabam realizando obras e reformas sem o devido apoio técnico, o que pode gerar riscos para os envolvidos e preocupações para os gestores públicos, uma vez que o aumento desenfreado das cidades, construções em locais de risco e até mesmo a falta de estrutura dessas, geram reais ameaças à vida.  

Pensando nisso, estudantes e professores do curso de Engenharia Civil da Universidade Federal do Cariri (UFCA) criaram, em 2017, o Escritório Habitar, projeto vinculado à Pró-reitoria de Extensão (Proex/UFCA), que presta assistência técnica gratuita para elaboração de projetos tanto de habitações próprias de famílias que vivem em situação de vulnerabilidade socioeconômica quanto de Organizações Não-Governamentais (ONGs). 

A maioria das pequenas obras residenciais são realizadas sem acompanhamento técnico, e isso pode gerar inúmeros problemas na estrutura de uma casa, desde infiltrações, pequenas fissuras ou até o comprometimento total da residência. “O nosso principal objetivo é possibilitar o acesso da comunidade a moradias de qualidade, por esse motivo o Escritório Habitar se esforça para mudar a realidade dessas famílias”, disse o professor Erwin Ulises, coordenador do Escritório Habitar. 

O projeto realiza um acompanhamento técnico para prevenir acidentes e inserir uma significativa melhoria nos padrões de qualidade e durabilidade das edificações e na própria regularização dos lotes de terrenos e das construções. Além da elaboração dos projetos, os estudantes que atuam no Habitar, realizam também ações de capacitação com as  comunidades, alertando sobre a necessidade da atuação de profissionais nas construções e oferecendo dicas sobre segurança e economia de materiais.  

Para a estudante de Engenharia Civil, Shayana Nascimento, fazer parte do Escritório Habitar está sendo uma oportunidade de colocar em prática tudo que aprendeu no curso, “pois a partir do projeto é possível conhecermos a realidade do setor construtivo e através do estudo de casos reais conseguimos ter um maior crescimento tanto profissional quanto pessoal”, afirma. 

Entre os serviços oferecidos às famílias beneficiadas estão a elaboração de projetos arquitetônicos e estruturais, instalações elétricas e hidrossanitárias, orçamento e cronograma da construção, acompanhamento da obra e orientação para a compra dos materiais de modo econômico, sustentável e seguro. 

Além disso, o Escritório Habitar presta serviços de consultoria para a regularização de edificações já existentes, para possibilitar a legalização dos imóveis para seus proprietários, projetos de combate a incêndio e acessibilidade e orçamentos de reformas para ONGs e outras instituições. Desde a criação do projeto de extensão, mais de 50 projetos já foram realizados. 

“Com o trabalho que está sendo realizado percebemos a importância que é termos o auxílio de profissionais da área, principalmente profissionais com o olhar voltado para instituições sociais, como a nossa”, disse Cleide Barbosa, presidenta do Instituto Transformar (INTRA), uma das organizações beneficiadas pelo Escritório Habitar em 2019.  

O INTRA é uma organização social que há 18 anos luta pela melhoria da qualidade de vida da comunidade surda no Cariri e funciona também como um centro educacional da Língua Brasileiras de Sinais (Libras). “Precisávamos trazer melhorias para esse espaço, aqui é um ponto de apoio para muitos surdos e graças ao projeto podemos realizar esse serviço sendo acompanhado de profissionais”, conclui Cleide. 

Escritório Habitar 
O Escritório Habitar tem foco principal nos estudantes de Engenharia Civil, que são os responsáveis pela elaboração dos projetos. Mas na última seleção, foram abertas duas novas vagas para estudantes de Jornalismo e Design. A seleção ocorre por meio de um processo seletivo a cada ano. 

Atualmente, o projeto conta com 24 participantes, sendo 19 discentes (três bolsistas e voluntários), quatro coordenadores e um colaborador técnico, sob a coordenação dos professores Erwin Ulises, Celme Torres, Ary Ferreira e Ana Verônica.  

Para se tornar beneficiário do projeto, os interessados devem possuir renda familiar mensal de até três salários-mínimos (R$ 2.994,00) e a residência que pretendem construir deve ser térrea, unifamiliar, e com área máxima construída de até 80 m². 

Os interessados devem preencher um formulário e atender aos critérios socioeconômicos estabelecidos (baseados na Lei Federal nº 11.888/08). O formulário de inscrição e demais informações a respeito dos serviços oferecidos estão disponíveis no site do Escritório Habitar.

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