Em 2020, o Produto Interno Bruto (PIB) do Ceará deverá ficar 0,3% abaixo do registrado no período "pré-crise", em 2014, segundo levantamento feito pela Tendências Consultoria Integrada. De acordo com o estudo, o PIB brasileiro será 1% menor do que o de 2014, em igual período, e o do Nordeste, com pior projeção regional, ficará 3,9% abaixo do registrado naquele ano. 

Ao todo, 14 estados deverão apresentar resultados ainda abaixo do que tinham alcançado antes da crise. Neste grupo, os melhores desempenhos esperados são do Ceará e do Rio Grande do Sul, ambos com PIB 0,3% abaixo do valor verificado antes da crise. E o pior, em Sergipe (-7,3%). 

Segundo Lucas Assis, economista da Tendências, o Ceará acabou sofrendo mais do que a maioria dos estados nos anos de crise. "De 2014 a 2016, o Ceará acumulou uma queda de 7,5%, enquanto o Brasil caiu 6,7% na variação acumulada", diz. "Além disso, o Ceará teve uma recuperação muito lenta, com avanço médio de 1,5% ao ano". 

No entanto, ainda que a atividade econômica no Ceará não tenha recuperado os níveis alcançados no pré-crise, o desempenho do Estado ficará acima da média nacional em 2020, já que, na média, o PIB brasileiro deverá fechar o ano 1% abaixo dos níveis anteriores a 2013 e 2014, conforme dados da consultoria. 

Assis destaca ainda que o PIB cearense em 2019 registrou uma elevação de 2,1%. E para 2020, a expectativa da consultoria é de um avanço de 2,3%. "Em 2019, o que deu destaque ao Ceará foi a recuperação da indústria, especialmente com a maturação da siderúrgica. E para 2020, o Estado deverá contar com novos empreendimentos, como o complexo da Diageo, dentre outros, e isso deverá beneficiar bastante a indústria local", aponta. 

A consultoria destaca ainda que a perspectiva de maior expansão da economia brasileira em 2020 não será suficiente para garantir a todas as regiões geográficas a recuperação do nível de atividade verificado no período anterior à crise econômica. "Enquanto Norte, Centro-Oeste e Sul serão os únicos a exceder o PIB registrado antes da recessão, as regiões Nordeste e Sudeste ainda estarão longe de superá-las", afirma a Tendências. 

Ritmo lento 
O secretário do Desenvolvimento Econômico e Trabalho do Ceará, Maia Júnior, lembra que o Estado, assim como o Brasil, chegou a acumular uma perda de 10% do PIB. Sem qualquer unidade federativa com crescimento acima de 2% ao ano, ele estima que seriam necessários cerca de cinco ano para retornar ao nível do período pré-crise. 

"Desde 2017, a gente vem recuperando, mesmo que em ritmo lento. Acredito que a partir de 2021, o Ceará possa zerar esse estoque negativo e começar a recuperar em cima do patamar de 2014. Nosso desejo é que, com a recuperação econômica do País, o Ceará possa largar mais rápido nesse processo", afirma. 

Sobre o resultado da atividade econômica local, ainda não divulgado, o titular da Sedet lembra que a estimativa do Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará (Ipece) é que haja um crescimento de 1,59% no ano. Ele ressalta, no entanto, que o Banco Central calcula que o Estado avançou mais de 2%. 

Proporcionalidade 
Apesar de ser uma das principais economias do Nordeste, o Ceará ainda deve encerrar o ano atrás dos vizinhos Alagoas e Piauí que, segundo o levantamento, estarão em patamares de 0,8% e 4,1%, respectivamente, superiores ao pré-crise. Maia Júnior lembra que as perdas no PIB por conta da crise se dão de forma proporcional ao tamanho da economia do Estado. 

"Alagoas tem uma base agrícola por conta da cana-de-açúcar melhor que a nossa, por conta da questão do semiárido. O Piauí tem de diferente a área de energia, que nós também temos até mais forte que a deles. Eles (Piauí) também geraram 1,9 mil empregos no ano passado, nós criamos 13 mil", argumenta. 

Maia Júnior ainda aponta que o turismo e os segmentos de energias renováveis, tecnologia e TI, além da indústria de alimentos, estão indo bem, e que os mais afetados são o têxtil e de calçados. De acordo com ele, o restante da economia do Ceará está gerando empregos. "Temos a expectativa de que o PIB cresça em torno de 2,5% em 2020. As condições estão criadas, mas é preciso que a economia nacional também volte a crescer de forma mais célere, mais rápida".                                 (Diário do Nordeste)

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