Relatório da OMS aponta incertezas sobre "passaporte de imunidade"
para quem se curou da Covid-19. FOTO: Kid Júnior
Os chamados "passaportes de imunidade" não devem ser usados como estratégia para flexibilizar as quarentenas contra o coronavírus, afirmou a OMS em novo relatório técnico, publicado na noite de ontem (24). O documento  revê 20 estudos científicos e diz que "não há evidências de que as pessoas que se recuperaram de Covid-19 e tenham anticorpos estejam protegidas contra uma segunda infecção". O risco é que pessoas com resultado positivo no teste passem a ignorar conselhos de saúde público, por se considerarem imunes a uma segunda infecção. "O uso de tais certificados pode, portanto, aumentar os riscos de transmissão continuada", conclui a recomendação técnica. 

Os "passaportes de imunidade" seriam baseados em testes para medir anticorpos (produzidos pelo corpo para combater e vencer um invasor) específicos para o coronavírus. Segundo a OMS, a maioria dos estudos feitos durante a pandemia mostra que as pessoas que se recuperaram da infecção têm anticorpos para o Sars-Cov-2 (nome do novo coronavírus). No entanto, algumas dessas pessoas têm níveis muito baixos de anticorpos, o que pode indicar que as outras reações inespecíficas também podem ser críticas para a recuperação. 

Até esta sexta, segundo a OMS, nenhum estudo avaliou se a presença de anticorpos para o Sars-Cov-2 confere imunidade a infecções subsequentes por esse vírus em humanos. Além disso, testes de laboratório que detectam os anticorpos específicos não tiveram sua precisão e confiabilidade comprovados até agora, alerta a organização. Ainda não há certeza de que eles são capazes de distinguir com precisão infecções passadas por Sars-Cov-2 das infecções por algum dos outros seis coronavírus humanos (quatro de resfriados comuns e os que provocam a Mers e a Sars –Síndrome Respiratória no Oriente Médio e Síndrome Respiratória Aguda Grave). 

Segundo o relatório da OMS, "pessoas infectadas por qualquer um desses vírus podem produzir anticorpos que reagem de maneira cruzada com anticorpos produzidos em resposta à infecção por Sars-Cov-2". A imprecisão pode levar a dois erros: pessoas que foram infectadas podem ter um resultado falso negativo, e não infectados podem ter resultado falso positivo. "Ambos os erros têm sérias consequências e afetarão os esforços de controle.", afirma o documento. 

A OMS apóia os testes de anticorpos feitos em grupos específicos —profissionais de saúde, contatos próximos de casos conhecidos ou dentro das famílias — ou em estudos populacionais, para compreender a extensão e os fatores de risco associados à infecção. Segundo a organização, porém, esses estudos não foram projetados para determinar se essas pessoas são imunes a infecções secundárias.                       (Folhapress)

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