Grupo do projeto Marta Escuta em uma escola. Durante a pandemia eles têm ajudado mulheres em risco |
Procurar o atendimento é simples. A interessada precisa enviar, via caixa de mensagens no Instagram, palavras-chave de acordo com o serviço que procura: "Quero assessoria", para suporte jurídico; "Quero escuta solidária", para atendimento psicológico ou "Quero ambos" para receber ajuda psicológica e judicial.
O projeto faz parte da Associação Marta, grupo voltado para conscientização sobre direitos das mulheres. A equipe, essencialmente feminina, já abordava violência doméstica de maneira didática nas escolas. Viram na quarentena a oportunidade de estender as práticas para o virtual. A principal preocupação era com os casos de violência durante o isolamento.
Damares Ralley, fundadora e diretora executiva da Associação, explica que questões financeiras estão por trás do casos. "As mulheres são maioria nos empregos informais e em outros vários setores que foram atingidos pelo coronavírus. Significa que elas ficam mais tempo em casa e, pela questão econômica, mais submetidas aos desmandos do agressor. O distanciamento da família também aumenta a sensação de impunidade".
A equipe segue medidas rígidas de conduta, pensadas para oferecer conforto e segurança às mulheres atendidas. O cuidado começa no momento da mensagem. "A mulher que está sendo atendida só fala sobre o assunto uma vez, para evitar que ela repita para várias pessoas", reforça a diretora. Após a triagem pelo aplicativo, as mulheres são encaminhadas para o serviço que procuram.
PLANTÕES
Cada horário conta com uma psicóloga, uma advogada e uma gerente, disponíveis para receber os pedidos. O número de plantões, espaçados na semana, também é uma forma de preservar a integridade da atendida.
Outra forma de manter a privacidade é o esquema de atendimento. O perfil principal no Instagram apenas recebe os pedidos de auxílio. "As psicólogas atendem por vídeo para que as conversas não sejam gravadas. As advogadas atendem por um perfil que não é divulgado".
APOIO
A decisão por oferecer, além do atendimento jurídico, um apoio psicológico, foi pensada pela equipe para que as vítimas fossem amparadas de maneira mais ampla. "Nós notamos que apenas a (ajuda) jurídica poderia não envolver a mulher em tudo o que ela precisava. A escuta psicológica não necessariamente vai falar sobre a violência. Pode falar sobre um sentimento que a mulher está sentindo".
AJUDANDO
A campanha Marta Escuta trabalha com demanda. Uma seletiva é aberta a partir das necessidades. A divulgação acontece no perfil do Instagram. O voluntário precisa ter formação na área pretendida. (Diário do Nordeste)
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