Diante dos resultados exitosos do experimento, mais agricultores retornaram à colheita e a produção cresceu. FOTO: ANTONIO RODRIGUES |
Os experimentos satisfatórios, iniciados há quatro anos no Cariri, com a retomada da produção de algodão de sequeiro, hoje chegam a Brejo Santo, Milagres, Mauriti, Porteiras, Penaforte, Missão Velha, Crato, Potengi, Altaneira e Barbalha; e em Várzea Alegre, Iguatu e Acopiara, no Centro-Sul. Todos estes municípios estão produzindo a partir de semente transgênica de alta qualidade.
A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) Algodão de Campina Grande (PB), em parceria com a Universidade Federal do Cariri (UFCA) e as secretarias municipais de Agricultura, implantaram em 2016 o projeto "Ouro Branco", voltado para a produção de algodão de sequeiro. Em 2018, foram cultivados 30 hectares no Cariri. Em 2019, a área expandiu para 700 hectares. Em 2020 a expectativa é mais que dobrar o cultivo do ano passado.
O engenheiro agrônomo e pesquisador da Embrapa Algodão, Fábio Aquino, explica que o projeto faz parte da modernização da cultura do algodão. Para alcançar bons resultados, os produtores tiveram orientação técnica específica. "A Embrapa é parceira nas orientações sobre plantio e manejo de pragas, e desenvolvimento de tecnologias", pontua. "Em 2019, já tivemos um plantio significativo, mas, este ano, a área mais que dobrou. Já está passando 1.500 hectares", observa.
Períodos
O plantio, geralmente, acontece no fim de janeiro e início de fevereiro, com expectativa de colheita entre julho e agosto. Alguns, que plantaram mais cedo, já retiraram o produto do campo na última semana. A semente utilizada foi desenvolvida em 2000 e está sendo testada no campo de experimentação, em Barbalha, onde também há cultivo de outras culturas.
"Temos um programa de melhoramento genético a nível nacional. Essa semente nos deu segurança para recomendar ao Ceará porque ela tem características diferenciadas, como uma fibra mais longa, que é 100% importada do Brasil e rende tecidos mais finos", destaca Fábio. A ideia é que isso agregue valor ao produtor e à indústria têxtil cearense, que acaba buscando algodão de outros estados, como Mato Grosso do Sul e Goiás. "Aqui tem potencial para produzir com qualidade bem superior", completa o agrônomo. Hoje, a maioria dos produtores do Cariri tem um contrato pré-firmado com uma indústria têxtil, comprometida a comprar o algodão local. "Tem trazido uma segurança grande", acredita Fábio. O preço do quilo está custando R$ 2,15. Para o produtor Pedro Edmilson dos Santos, do Sítio Minadouro, em Brejo Santo, isso tem sido um grande ganho. "O caminho é esse", acredita.
Edmilson, que plantava algodão até 1988, se sentiu motivado a cultivar novamente no ano passado. "Foi só um pedacinho de terra e ainda consegui 50 mil quilos", conta. Este ano, a previsão é ainda melhor, em uma área total de 40 hectares. "A semente é muito boa. Tem que incentivar mesmo o pessoal a plantar. É uma facilidade que ninguém imagina", completa.
Fábio Aquino aponta que, diante das boas condições hídricas e de solo, aliadas ao conhecimento no manejo da fibra, os resultados tendem a ser positivos no Sul do Estado. "A produtividade hoje é bem melhor que no passado e animou novamente". Ainda segundo o especialista, outra vantagem da cotonicultura é que a planta consegue tolerar as incertezas climáticas do território cearense. "Tem ano mais seco, mais chuvoso e é uma das poucas plantas que conseguem resistir e é economicamente viável. Além disso, ocupa a mão de obra em período que não tem muito serviço no campo", conclui. (Diário do Nordeste)
Postar um comentário