FOTO: Jacqueline Gouveia
No início de junho um homem foi filmado arrastando uma cadela em uma moto em Juazeiro do Norte. Vizinhos registraram a cena, e ele foi impedido de continuar o massacre por moradores. No dia 10 de julho, um outro homem, em situação de rua foi acusado de praticar zoofilia com um cachorro, também em Juazeiro. 

Os crimes, que ocorrem de forma corriqueira segundo especialistas, estão se tornando cada vez mais comuns na região do Cariri no período de isolamento social. É o que diz a ativista da causa animal há 30 anos, Jacqueline Gouveia. Ela mantém o abrigo Brilho Animal, onde mora e divide espaço com outros 200 bichos. 

Jacqueline recebe chamados praticamente todos os dias. “Não vamos pensar que só sofrem os gatos e cachorros. Na nossa região, muitos cavalos e jumentos sofrem maus tratos, principalmente nas carroças”, diz. Esses animais também são vítimas de abandono, principalmente quando adoecem. 

Abandono 
Dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) apontam que há cerca de 30 milhões de animais abandonados nas ruas do Brasil. Na pandemia, o cenário tem colaborado para agravar ainda mais essa estatística. 

Fatores como desemprego, redução na renda e até medo de contrair o vírus dos bichos, devido à disseminação de informações falsas engrossam as estatísticas. 

A professora do curso de Medicina Veterinária do Centro Universitário Doutor Leão Sampaio (Unileão) Inês Nunes Queiroga, comenta o assunto. Ela diz tratar-se de uma questão de saúde pública, já que muitos animais vagam pelas ruas sem controle sanitário, podendo gerar o aumento de casos de exposição a zoonoses. 

“Esses animais deambulam pelas ruas sem vacinação ou qualquer outro controle populacional, permanecendo expostos a doenças e, de modo consequente, transmitindo-as”, explica a professora. 

“Todos podem atuar de forma colaborativa, como castração das fêmeas, espaço e ambientação, custos da criação, disponibilidade de tempo para devidos cuidados requeridos, alimento, água, cuidados médicos e a garantia do bem-estar animal”, destaca. 

Abandonar é crime 
Abandono ou maus-tratos a animais é considerado crime ambiental, conforme determinado no Artigo 32 da Lei 9.605/98. Atualmente, a pena prevista na Lei de Crimes Ambientais para esse tipo de conduta é de 3 meses a 1 ano de detenção, além de multa. 

“A problemática do abandono precisa ser reconhecida como algo sério. Ao abandonar animais, estamos perdendo o controle de infestações por doenças que refletem gravemente na saúde do coletivo”, enfatiza Inês. 

Dia contra os maus tratos 
Em janeiro do ano passado, foi criada no Ceará a Lei nº 16.667/18, que institui o dia estadual de combate a essa prática. A data será comemorada, anualmente, em 4 de outubro e integrará o Calendário Oficial de Eventos do Estado. A lei é oriunda do projeto de lei nº 213/2018, de autoria do deputado Bruno Pedrosa (PP). Segundo o parlamentar, a nova norma visa conscientizar as pessoas sobre a proteção aos animais. 

(Fonte: Site Miséria)

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