O número de mortes por afogamento no Ceará cresceu 13,4% no primeiro semestre deste ano em comparação com igual período de 2019, de acordo com dados da Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS). Junho foi o mês no qual houve o aumento mais expressivo, mais que dobrando os casos. 

Enquanto o primeiro semestre de 2019 contabilizou 142 vítimas fatais de afogamento, em 2020 o número de mortes foi de 161. Em junho, houve o registro de 35 ocorrências, mais do que o dobro das 16 constatadas no mesmo período do ano passado. 

De acordo com o tenente-coronel Cícero Osvaldo, do Corpo de Bombeiros do Estado do Ceará (CBMCE), os dados registrados nas delegacias cearenses contabilizam mortes por afogamento que acontecem não só em praias, mas também em acidentes domésticos e locais onde geralmente não há guarda-vidas, como açudes e lagoas. 

"Essas estatísticas são de uma maneira geral. Elas contam tudo. Pessoas que se afogaram em açudes, contam pessoas que tenham caído em uma cacimba e pessoas que se afogaram na piscina de casa. A gente tem um 'leque' grande", afirma o tenente-coronel. 

Cícero informa que a quadra chuvosa, período de fevereiro a maio, foi responsável pelo aumento do nível dos mananciais de água, como os açudes, que atraíram banhistas e podem ter contribuído para o aumento de afogamentos. 

"Tivemos um período de chuva muito grande, principalmente no interior do Estado, e os afogamentos (vítimas fatais) são, em sua maioria, em mananciais de água que não são cobertos por guarda-vidas do Corpo de Bombeiros, como açudes”, observa. 

Mortes em praias 
De acordo com o Corpo de Bombeiros, no Ceará, foram registradas três mortes por afogamento em praias neste ano. Uma delas aconteceu em Fortaleza, em abril. A vítima foi um adolescente de 16 anos que morreu enquanto fazia a travessia entre a foz do Rio Cocó, na Sabiaguaba, em direção à Praia do Caça e Pesca. 

O Corpo de Bombeiros informou que atua, em Fortaleza, apenas na Praia do Futuro, na Praia do Caça e Pesca e na Praia da Leste Oeste. Já em outras cidades do Ceará, o CBMCE fiscaliza as praias do Cumbuco, Cauípe, Canoa Quebrada, Majorlândia e Jericoacoara. As outras faixas litorâneas são de responsabilidade dos municípios. 

Ao todo, no primeiro semestre, houve 25.995 iniciativas de prevenção, que consistem em orientações para os banhistas, nos pontos de atuação da corporação no Ceará. Foram contabilizados ainda 77 resgastes de vítimas de afogamento. 

"Temos uma vigilância muito forte nas praias. Não houve um aumento de banhistas nelas durante a quarentena. Trabalhamos em cima de estatísticas e  por isso atuamos em ocorrências de afogamentos em determinados pontos”, afirma o tenente-coronel. 

Volta de banhistas 
Com o isolamento social, Cícero afirma que houve uma drástica queda da cobertura de salvamento promovida pelo Corpo de Bombeiros, com a diminuição dos postos de guarda-vidas em 70%. Ele afirmou ainda que a medida foi necessária para preservar, também, a saúde dos agentes. 

Contudo, com a volta dos banhistas após a liberação de operação das barracas de praia, o tenente-coronel ressalta que o efetivo da Instituição voltou, neste mês, a trabalhar com a capacidade máxima, com o funcionamento dos 18 postos de guarda-vidas na costa litorânea do Ceará. 

“Tivemos um reforço pois sabíamos que, com as barracas abertas, todo mundo voltaria. Reforçamos esses postos, a quantidade de guarda-vidas aumentou, mas não tivemos grandes demandas. Muitos permaneceram resguardados, por conta da aglomeração”, explica Cícero. 

Alerta e cuidados 
O tenente-coronel pontua ainda a necessidade dos frequentadores em tomar cuidados ao entrarem na água. "Procure tomar banho próximo do posto de um guarda-vida, pois ele irá dizer o melhor lugar para você nadar. Devemos ter atenção às crianças, de preferência, colocarmos uma pulseirinha nelas, e, também, em relação a ingestão de bebidas alcoólicas pelos adultos, pois as condições físicas podem ficar comprometidas", esclarece. 

Conforme Cícero, os agentes de salvamento dispõem de um equipamento denominado 'pocket mask', que cria uma barreira entre o profissional e a vítima durante a realização de boca a boca, prática utilizada nos salvamentos. 

O Sistema Verdes Mares solicitou estatísticas referentes ao grupo de salvamento aquático da Guarda Municipal de Fortaleza (GMF), mas não obteve retorno do órgão até a publicação desta matéria.                       (Diário do Nordeste)

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