Impulsionada sobretudo pelo pagamento do auxílio emergencial e pelo saque de até R$ 1.045 do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), a distribuição de cédulas no Ceará cresceu 44,5% de janeiro a julho deste ano na comparação com igual período de 2019, de acordo com o Banco Central (BC). 

Foram 154,2 milhões de unidades sacadas no Estado, totalizando R$ 8,7 bilhões, contra 106,7 milhões de cédulas de janeiro a julho do ano passado (R$ 5,3 bilhões). Considerando o valor das cédulas, o volume de recursos distribuídos apresentou crescimento de 64,1%. 

O economista Alex Araújo explica que o crescimento está diretamente relacionado à liberação dos benefícios. 

"Essa sistemática introduziu uma nova fonte de renda e isso nos levou a ter um montante maior em circulação", detalha. 

De acordo com a Caixa Econômica Federal, já foram destinados R$ 8,2 bilhões ao Ceará apenas com pagamentos do auxílio emergencial de R$ 600 durante a pandemia do novo coronavírus. 

O Banco Central estima, com base na movimentação da rede bancária, que estejam circulando no Ceará 415 milhões de células e 1,4 bilhão de moedas, cerca de 5% do que circula em todo o País. 

Enquanto a distribuição de cédulas apresentou crescimento expressivo em 2020, a de moedas caiu 12,9% em unidades. Foram 13,5 milhões de moedas distribuídas de janeiro a julho contra 15,5 milhões em igual período do ano passado. Essas 13,5 milhões de unidades distribuídas representam o valor de R$ 5,02 milhões. De janeiro a julho de 2019, a cifra proveniente das moedas chegou a R$ 5,72 milhões. 

Na avaliação do economista, as moedas contam com um desafio maior na distribuição: o peso. "As moedas são de metal, portanto mais pesadas que as cédulas. Nesse período de pandemia, com uma quantidade de voos menor, levando em conta que a moeda é um item mais pesado, acredito que tenha sido priorizada a distribuição de cédulas", destaca Alex Araújo. 

Ele também pontua que existe uma dificuldade não só na distribuição, mas na circulação dessas moedas. "Talvez fosse importante o Banco Central apostar em uma campanha para fazer essas moedas circularem neste momento", pondera Araújo. Esses itens muitas vezes acabam esquecidos em cofres, potinhos, bolsas e gavetas, para o desespero de setores que há anos enfrentam dificuldades para o fornecimento de troco, sobretudo em moedas, a exemplo do comércio. 

Troco em risco 
Para o presidente da Federação das Câmaras de Dirigentes Lojistas do Ceará (FCDL-CE), Freitas Cordeiro, a dificuldade na hora de passar troco é um lado preocupante da nova nota de R$ 200, anunciada na última semana pelo Banco Central. 

"Para o pequeno comerciante, a nota pode criar problemas. Em algumas atividades, o faturamento do dia não chega a esse valor, então para esses segmentos menores, pode ser algo complicado", frisa ele. 

Apesar da preocupação, Freitas Cordeiro pontua que ainda é cedo para tecer uma avaliação mais sólida sobre a nova nota. Ele lembra que o dinheiro em espécie vem cada vez mais sendo substituído pelo uso do cartão de débito e de crédito, além dos pagamentos digitais. "Dependendo do segmento do varejo, o cartão chega a responder por 70% das vendas", detalha o presidente da FCDL-CE. 

"Nós sabemos que a cédula de R$ 200 diminui volume e, para o Governo Federal, ela favorece esses pagamentos de benefícios em larga escala, então entendemos que há um lado positivo e há um lado que preocupa", conclui Freitas. 

A diretora de administração do Banco Central, Carolina de Assis Barros, explica que há um movimento de "entesouramento" - isto é, de guardar o dinheiro em casa, sem voltar ao comércio - por parte da população brasileira decorrente da pandemia. Esse é um dos fatores que tornam o lançamento da cédula oportuno, na avaliação da diretora. 

"A gente observa que com a pandemia vieram efeitos de entesouramento. Esses efeitos não são típicos do nosso País, se observam no mundo todo. O Banco Central do Brasil não consegue nesse momento precisar por quanto tempo esses efeitos vão perdurar", ressalta. "O BC entende, então, que o momento é oportuno para o lançamento dessa nova cédula, projeto já preexistente", destaca. 

Ainda conforme Carolina, a nova nota permitirá ao Banco Central redução de custos com logística de distribuição de dinheiro no País, "que é de dimensões continentais". 

Notas 
As cédulas mais sacadas de janeiro a julho deste ano no Ceará foram as de R$ 50 e as de R$ 100, segundo os dados do Banco Central. Foram 69 milhões de unidades e 48,4 milhões, respectivamente. 

A retirada foi menor entre as cédulas de R$ 5 (4,7 milhões de unidades) e de R$ 1 (7,2 milhões de unidades). Essas duas últimas também foram as únicas notas cuja distribuição apresentou redução comparando de janeiro a julho de 2020 com igual período de 2019. 

Considerando as moedas, as de R$ 0,05 foram campeãs de saques no Estado, que alcançou 5,3 milhões de unidades nos primeiros sete meses do ano. Em seguida, aparecem as moedas de R$ 1, com 3,1 milhões de unidades retiradas, segundo o BC.                                (Diário do Nordeste)

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