Por Redação Gazeta do Cariri

A Universidade Federal de Lavras (UFLA), sediada em Minas Gerais, passou a integrar um acordo de cooperação internacional que reúne físicos, teóricos e experimentais, de diversas subáreas da astrofísica, com o objetivo de buscar soluções para a unificação da gravitação com a mecânica quântica.

O chefe do Departamento de Física (DFI) professor Sérgio Martins de Souza explica que “a gravitação quântica é um dos campos mais desafiadores da ciência contemporânea. É um campo absolutamente novo e é fantástico ver o nome da Instituição e do DFI inseridos em pesquisa básica desse porte, com um grupo que certamente estará na vanguarda da pesquisa no tema”. 

Trata-se do acordo da COST Action CA18108 - “Quantum gravity phenomenology in the multi-messenger approach”. É por meio da UFLA que o Brasil passa a integrar o acordo. 

Natural da cidade do Crato, o professor visitante do Departamento de Física (DFI) Iarley Pereira Lobo concedeu entrevista ao portal da UFLA e explicou como é ser o único representante brasileiro a participar dessa produção científica internacional. 

Como surgiu a oportunidade para participar deste acordo internacional? 
Enquanto trabalhava em minhas atividades de pesquisa me deparei com essa cooperação e vi uma oportunidade de participar e contribuir para o debate sobre o tema, que contava, inclusive, com pesquisadores com os quais trabalhei durante doutorado na Itália. Após contato com a coordenação soube que o Brasil era um país parceiro internacional (IPC), portanto, poderia apresentar membros observadores. 

A partir desse momento apresentei minha candidatura explicitando os benefícios mútuos da minha participação tanto para o acordo de cooperação, como também para o Brasil e para a UFLA, que já possui diversas atividades de pesquisa desenvolvidas pelo DFI. 

A partir do ingresso na cooperação internacional, qual é a rotina de atuação no projeto? 
A Ação está dividida em sete grandes grupos de trabalho (que por sua vez, possuem subdivisões próprias), cobrindo desde áreas teóricas até experimentais. Atualmente, tenho colaborado com membros de grupos teóricos na produção de artigos à luz desse tema. Além disso, anualmente, a Ação organizará uma escola de treinamento para jovens pesquisadores e uma conferência principal com o objetivo de discutir os avanços técnicos alcançados por todos os grupos, além de estratégias conjuntas. 

Como o Departamento de Física (DFI) se beneficiará com esta parceria? 
Acredito que auxiliará na consolidação e internacionalização do novo programa de pós-graduação do Departamento, já que essa é uma área de pesquisa bastante promissora e pode despertar o interesse para formação de mais profissionais dessa área no País. Penso em unir esforços com professores do DFI com o objetivo de desenvolver pesquisas ligadas ao tema deixando assim minha colaboração. 

Como a comunidade científica vai se beneficiar com as informações obtidas através das avaliações feitas? 
Espera-se que a Ação ajude a resolver tensões existentes entre diferentes resultados experimentais que buscam efeitos de gravitação quântica através da propagação de diferentes mensageiros cósmicos, também se espera que ela desperte um maior interesse da comunidade experimental da astrofísica nessas propostas, além de consolidar a jovem área da fenomenologia de gravitação quântica como uma subárea madura da física de altas energias. 

O que são os mensageiros cósmicos? 
Mensageiros cósmicos são partículas ou ondas que vêm de um certo evento astrofísico, e através deles podemos realizar testes envolvendo diferentes tipos de sinais. Um exemplo seria a detecção de luz vinda da explosão de uma estrela. 

O que é astronomia multimensageira? 
Consiste na astronomia feita com base na detecção conjunta e coordenada de mais de um tipo de mensageiro cósmico oriundos de um mesmo fenômeno astrofísico, e tem se desenvolvido desde a última década. Esses mensageiros consistem em radiação eletromagnética, ondas gravitacionais, neutrinos e raios cósmicos, que são produzidos por variadas fontes astrofísicas, como fusão de estrelas de nêutrons, núcleos de galáxias ativas, entre outros. 

Haverá algum tipo de documento produzido a partir desses estudos? 
Sim, estão entre os objetivos da Ação a produção de documentos que auxiliem futuras pesquisas tanto na área teórica quanto experimental com foco na abordagem da astronomia multimensageira, esclarecendo os possíveis cenários e assinaturas vindos de diferentes abordagens teóricas através de análises dos vínculos e possibilidades observacionais referentes a cada mensageiro cósmico. 

Quais suas considerações finais como membro dessa cooperação? 
Acredito que a presença da UFLA como representante brasileira nos esforços dessa Ação vem somar a tantas outras iniciativas da universidade na direção de preservar o papel do Brasil na promoção da ciência. 

A comunidade científica está apenas iniciando as explorações que esse novo paradigma oferece e seu potencial é incalculável, além disso, estamos envolvidos em atividades de divulgação e promoção da diversidade de gênero na ciência. 

Mais informações sobre o acordo de cooperação podem ser encontradas nos sites da Ação: https://www.cost.eu/ e https://qg-mm.unizar.es/

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