Moradores de Jati saíram de suas casas após rompimento da tubulação da barragem. FOTO: Lorena Tavares |
José Adauto, 50 anos, conta que começaram a perceber o vazamento por volta de 17h. Ele estava em casa, quando foi avisado por vizinhos do rompimento. "Começou o corre corre, todo mundo correndo, o povo alarmando 'a barragem estorou, estorou, estorou'", relata.
O comerciante conta que antes de ir para uma área mais alta da cidade, foi até o local do vazamento. "Era muita água, era coisa feia. Tinha uma casinha embaixo, a água levou a casa, levou o poste, levou tudo", descreve.
De acordo com o Ministério do Desenvolvimento Regional, duas mil pessoas foram evacuadas dos arredores da barragem. A evacuação foi feita com pessoas que moram a até 2 km da barragem, conforme o ministério. A medida está prevista no Plano de Ação Emergencial (PAE) do empreendimento.
Segundo o coronel Luís Eduardo Soares de Holanda, comandante geral do Corpo de Bombeiros, que está na cidade para acompanhar a situação, cerca de 160 famílias saíram de suas residências. A maior parte os moradores foi para a casa de amigos e parentes, e alguns foram levados para equipamentos públicos.
"A gente vai avaliar ainda a necessidade de retirada daquela comunidade mais próxima à barragem mas sob um caráter absolutamente preventivo. Não tem uma situação crítica no que se refere à segurança do equipamento”, explica o coronel.
A área ao redor da barragem, em um raio de 2 km, foi isolada e só é permitida a presença de técnicos e membros do ministério. Uma reportagem do DN esteve no local e presenciou a intensa movimentação de caminhões com materiais de construção e de carros de polícia.
Devido ao risco da barragem estourar, José levou seus filhos, netos e alguns amigos para a outra casa da família em Jati. Ele afirma que não pretende voltar a morar em sua casa próxima à barragem, devido ao medo. "O susto foi grande. Ainda hoje to me tremendo. Nunca imaginei que ia acontecer", ressalta.
O aposentado José Cândido de Oliveira, foi um das pessoas que Adauto levou para a casa. Diferentemente do amigo, Cândido conta que já imaginava que um acidente na barragem poderia ocorrer. "Eu falava que não sabia, porque quem sabe é Deus, mas que essa barragem aí é perigo. Se não correr, morre", afirma.
Ele estava em casa, jantando, quando foi avisado do vazamento. O aposentado conta que só conseguiu seus documentos e sua sanfona, antes de sair de casa. "Eu tenho 75 anos, mas eu tenho muito medo", relata Cândido.
Rompimento
O Eixo Norte da transposição foi inaugurado em junho pelo presidente Jair Bolsonaro em junho. O vazamento se deu um dia após o ministro Rogério Marinho abrir a comporta que libera água da barragem de Jati para o Cinturão das Águas do Ceará (CAC), ainda em fase de testes.
Esta etapa, chamada "eixo emergencial", de 53 Km, promete garantir a segurança hídrica da Região Metropolitana de Fortaleza, sendo transportada pelo fluxo natural dos rios Salgado e Jaguaribe até o açude Castanhão.
A tubulação se rompeu após a abertura de uma comporta da barragem, após a sangria do reservatório. De acordo com o secretário de Recursos Hídricos do Ceará, Francisco Teixeira, o jato d'água causou um pequeno processo erosivo, mas que não aparenta comprometer a estrutura.
"Na ombreira direita, tem uma tubulação que se incia em concreto e depois um bloco, onde está a emenda da tubulação em concreto com a tubulação em aço. Então, parece que nessa emenda houve um rompimento, um vazamento da tubulação. Então, esse jato d'água é devido à pressão", explicou o secretário.
Segundo o Ministério do Desenvolvimento, ainda não foi possível avaliar se a barragem sofreu danos com o forte fluxo de água que ocorreu durante o vazamento, reparado ainda na noite de sexta. No entanto, o evacuamento foi feito de forma preventiva para evitar riscos às famílias que moram próximo ao local.
O governador Camilo Santana visita a área da obra para acompanhar a situação. Agentes dos Bombeiros e da Defesa Civil foram enviados à área para reforçar as ações. (Diário do Nordeste)
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