O governo da Grécia expulsou secretamente mais de mil refugiados nos últimos meses, levando-os de navio até os limites de suas águas territoriais e os abandonando em alto-mar em botes infláveis, alguns lotados, publicou na sexta-feira, 14, o jornal The New York Times, com base em informações de órgãos independentes, pesquisadores acadêmicos e a Guarda Costeira da Turquia. 

Desde março, quando começou a pandemia, pelo menos 1.072 solicitantes de asilo foram devolvidos ao mar em 31 operações de expulsão. O Times conversou com várias pessoas expulsas e teve acesso a vídeos feitos pelos refugiados. O governo grego negou ter cometido qualquer irregularidade. 

“Foi muito desumano”, disse Najma al-Khatib, uma professora síria de 50 anos. Segundo ela, policiais com máscaras a levaram junto com outras 22 pessoas, entre elas 2 bebês, durante a noite de um centro de detenção na Ilha de Rodes, em 26 de julho, e os abandonaram em um bote inflável. Depois o grupo foi resgatado pela Guarda Costeira da Turquia. “Eu deixei a Síria por medo das bombas, mas depois do que aconteceu eu preferia morrer por causa de uma bomba”, disse. 

Ilegal sob as leis internacionais, as expulsões são a mais direta tentativa de um país europeu de bloquear a imigração marítima pelo uso da força desde a crise migratória de 2015, quando a Grécia foi o principal porto de entrada de imigrantes na Europa.                           (Estadão)

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