FOTO: Marcelo Elias
Os idosos são o grupo mais vulnerável para doenças infecciosas como a covid-19. Essa realidade colocou pessoas com idade acima de 60 anos na faixa de risco desde que a pandemia do novo coronavírus se espalhou pelo mundo. Apesar de as possibilidades de contágio serem iguais para todas as faixas etárias, a doença tende a se agravar em idosos. Isto explica o porquê das pessoas acima de 60 anos representarem 78,44% dos óbitos em decorrência da covid-19 no Cariri. 

O público detém 6,16% dos casos confirmados do novo coronavírus na região. No universo de 19.418 pessoas infectadas no Cariri, 2.732 pessoas são idosas. Quanto aos óbitos, o principal grupo de risco contabiliza 302 das 385 mortes, segundo o IntegraSus, plataforma da Secretaria de Saúde do Ceará. Os dados foram atualizados na tarde desta segunda-feira (03) e podem ser diferentes das atualizações apresentadas pelos municípios. 

Do total de 2.729 pessoas com idade superior aos 60 anos, confirmadas com covid-19, 1.460 são mulheres e 1.269 são homens. Nesta faixa etária, as pessoas entre 60 e 64 anos são as que contabilizam maiores registros: 400 do gênero feminino e 331 do masculino. No Cariri, a cidade de Juazeiro do Norte lidera o número de confirmações: ao todo, foram 1.273 casos, com 676 mulheres e 597 homens contabilizados. 

Recentemente, 41 idosos que estavam em um abrigo foram encaminhados ao Hospital de Campanha do Município após contraírem o novo coronavírus. A Vigilância Sanitária Municipal verificou denúncia de que no local os funcionários estariam trabalhando sem os Equipamentos de Proteção Individual (EPI’s) adequados. O abrigo foi notificado pela Vigilância para que atenda a todas as medidas de segurança necessárias para a prevenção da covid-19. 

De acordo com a médica Kellen Nobre, “as chances de contágio são as mesmas para todas as faixas etárias, mas o risco de agravamento da doença aumenta à medida que a idade do paciente avança”. Ela explica que a razão para a maior fragilidade entre as pessoas com idade acima de 60 anos “se deve às alterações sofridas pelo sistema imunológico, à medida que a pessoa envelhece”. Doenças como hipertensão arterial, diabetes, demências como o Alzheimer e carências nutricionais estão entre os fatores mais comuns de agravamento do quadro da covid-19. 

Depois de recuperados da infecção pelo novo coronavírus, pacientes idosos ainda podem desenvolver sequelas, como o acidente vascular encefálico. “São raros os idosos assintomáticos. Sempre há algum sintoma, mesmo que mais leve, mas alguns podem passar assintomáticos por cultivarem uma vida mais saudável, desde a infância, adolescência e quando eram adultos jovens”, conta Kellen Nobre. 

Saúde mental 
Caminhadas ao ar livre, idas às feiras e visitas a familiares ficaram suspensas neste período de pandemia. Com as mudanças e novas restrições impostas, a saúde mental pode ser atingida negativamente e, para contribuir com ela, o psicólogo clínico Philipe Roberto destaca que é fundamental o estímulo à mente com atividades prazerosas. O excesso de notícias sobre a covid-19, claro, deve ser evitado. 

Como aponta Philipe Roberto, mesmo em casa é possível realizar diversas atividades com adaptações. Entre as principais recomendações, ele aponta: oferecer apoio emocional constante, mesmo que à distância; conversar sempre com os idosos; incentivar a prática de exercícios físicos leves; manter uma rotina de lazer, leitura e conversa por meio de mídias sociais e chamada de vídeo; investir em atividades que estimulem o raciocínio, como jogos de palavras-cruzadas, caça-palavras e quebra-cabeças. “O segredo é preencher o tempo ocioso e evitar que o dia seja gasto com apenas uma atividade, como ficar vendo TV”, enfatiza. 

De acordo com o psicólogo clínico, os idosos têm o hábito de procurar profissionais da saúde mental. Durante a pandemia, enquanto a procura pelo atendimento presencial por idosos diminuiu, os atendimentos de forma remota continuaram acontecendo por chamada de vídeo e até WhatsApp. 

“É de suma importância que, nesse período, a família ou cuidadores fiquem atentos ao primeiro sinal de tristeza, desânimo, falta de energia, pensamentos negativos, falta de esperança e mudanças no comportamento, pois todos esses sintomas podem evoluir para um quadro mais grave”, menciona Philipe Roberto, ao lembrar que “é sempre bom reforçar o isolamento social, imprescindível pra manter tanto a saúde física como a mental, já que um corpo e mente saudáveis estão mais bem preparados pra enfrentar os dilemas do dia a dia e para viver por muito mais tempo”.

(Fonte: Jornal do Cariri)

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