Movimentação na Praia do Futuro superou expectativas das barracas. Frequência de clientes, antes mais concentrada aos domingos, aumentou na semana. FOTO: Natinho Rodrigues
A volta ao trabalho após o fim do isolamento no Ceará já resulta em avanços na economia local, a partir do crescimento de 13,2% no volume das atividades turísticas e de 6,4% no de serviços prestados em junho no Estado. O avanço - no caso do turismo, o primeiro após quatro quedas - foi possível a partir da reabertura de estabelecimentos como barracas de praia, restaurantes e salões de beleza, entre outros serviços que, com a devida cautela, sinalizam uma retomada gradual à medida que mais negócios são liberados para reabrir as portas.

Para o presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis no Ceará (ABIH-CE), Régis Medeiros, será uma retomada "degrau a degrau". "A gente espera um mês de agosto melhor que julho e assim por diante. Gradualmente, os voos internacionais e nacionais vão sendo retomados", aponta. 

Ele explica que os resultados de junho ante maio estão associados ao fato de os estabelecimentos estarem fechados em maio. 

"Fortaleza possui uma ocupação média de 57% ao ano. (Agora), temos hotéis com 6%, 7%, 8% de ocupação, então sabemos que é uma retomada degrau por degrau", pondera. Para potencializar o processo, Medeiros explica que o setor hoteleiro espera poder trabalhar ações de divulgação. "Para que possamos buscar um equilíbrio, porque a normalidade nós só teremos com a vacina". 

O presidente da ABIH-CE também pontua que o turismo doméstico deve ser importante no reaquecimento e lembra que as viagens locais ajudam. "Nesse primeiro momento, o turismo regional vem sendo importante, mas para atingirmos o equilíbrio precisaremos dos turistas do Sudeste também. É um somatório", pondera. 

Com os gargalos impostos pela Covid às viagens mais distantes, as pousadas em cidades litorâneas no Estado puderam sentir, em junho, um certo alívio. A presidente da Associação dos Meios de Hospedagem e Turismo do Ceará (AMHT-CE), Vera Lúcia da Silva, explica que houve certo movimento em junho e em julho, sendo no mês passado de forma mais pulverizada por causa do número um pouco maior de pousadas abertas. 

"O próprio fortalezense nos fins de semana já está procurando o litoral", diz. "Estamos colocando as nossas fichas em setembro e outubro", ressalta Vera, reforçando que a ocupação abaixo de 10% está muito aquém do que é necessário para que os negócios do setor consigam se manter. 

É também com um olhar esperançoso que a presidente da Associação dos Empresários da Praia do Futuro (AEPFuturo), Fátima Queiroz, visualiza os próximos meses de 2020. Ela destaca, porém, que o cenário na Praia do Futuro já superou as expectativas das barracas. "Estamos otimistas. Percebo até que a movimentação, que antes era predominante aos domingos, está mais pulverizada entre os dias da semana". 

Ela frisa que a pulverização também ocorre entre as próprias barracas. "Como a capacidade está limitada a 50% do público, às vezes o consumidor acaba procurando uma outra barraca, menor. Isso é positivo para essas barracas menores. Também estamos percebendo que a abertura à noite começou a dar resposta com a nossa quinta-feira", ressalta. 

'Melhora aquém' 
Já o diretor da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes no Ceará (Abrasel-CE), Taiene Righetto, explica que não consegue mais ver uma recuperação do setor em 2020. 

"Nós estamos faturando 40% na comparação com o que a gente faturava antes da pandemia. Aumentar esse número só vai ser possível quando ampliarmos o horário de funcionamento e aumentarmos a nossa capacidade", destaca. 

De acordo com ele, o fechamento definitivo dos bares e restaurantes já chega a 40%. "Hoje, temos 40% dos empreendimentos do setor que não vão reabrir. A devastação nos bares e restaurantes foi muito grande e não tem milagre", pontua. O percentual de estabelecimentos que não conseguirá reabrir corresponde a cerca de 2 mil negócios. 

O analista de Políticas Públicas do Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará (Ipece), Alexsandre Cavalcante, reforça que o crescimento no índice de atividades turísticas e no volume de serviços considera uma base de comparação muito baixa, caso do mês de maio. 

"É natural que ocorram essas taxas de crescimento dentro do ano, considerando a baixa base de comparação", avalia. Conforme a pesquisa do IBGE, na comparação com igual período de 2019, o índice de atividades turísticas em junho caiu 69,3%. 

Ele também pontua que o setor é o mais importante na economia de todas as regiões do Ceará. Os serviços correspondem a 76% do Produto Interno Bruto (PIB) do Estado. 

"A previsão para os próximos meses é que essas pesquisas sigam apresentando crescimento por causa das bases baixas. Até o fim do ano, vamos conviver com esse crescimento, mas nas comparações com 2019 teremos as quedas pois nunca tivemos algo na nossa história que paralisasse toda a cadeia produtiva", ressalta o analisa do Ipece.                         (Diário do Nordeste)

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