Médica Eliana Régia Barbosa de Almeida: Doe de Coração
contribui efetivamente para a linha de crescimento das doações
e transplantes de órgãos e tecidos no Ceará.
A pandemia do novo coronavírus afetou toda a sociedade, e também impactou na doação e no transplante de órgãos. Mesmo no Ceará, referência nacional neste assunto, os especialistas detectaram queda no número de doações e transplantes, especialmente entre março e junho, quando houve a maior quantidade de pessoas infectadas pela Covid-19 no Estado. Isso ocorreu devido a vários fatores, como a sobrecarga do sistema de saúde, potenciais doadores que testaram positivo para a doença e o isolamento social. 

No Brasil, o número de doadores de órgãos caiu 6,5% no primeiro semestre de 2020 em relação ao mesmo período do ano passado, de acordo com a Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO). Segundo a ABTO, entre abril e junho a queda no número de transplantes de órgãos e tecidos no País foi da ordem de 61%, na comparação com os primeiros meses de 2020. O aumento de mortes de pessoas na fila de espera por transplantes foi de 44,5% no mesmo período. 

Mesmo com as adversidades, o sistema de saúde cearense conseguiu manter ativo o programa de transplantes. “O Ceará realizou nesse ano (até o dia 11 de setembro) 520 transplantes de órgãos e tecidos; 148 destes entre março e junho. É importante destacar o esforço de todas as equipes envolvidas direta e indiretamente no processo de doação e transplante e a solidariedade do povo cearense”, destaca a médica Eliana Régia Barbosa de Almeida, coordenadora da Central Estadual de Transplantes do Ceará. 

Ela informa que nos meses de julho e agosto já foi identificada uma recuperação no número de transplantes realizados no Estado. Por isso, ganham relevância as campanhas como a Doe de Coração, da Fundação Edson Queiroz. “Informações positivas desempenham papel importante na predisposição pública com relação à doação de órgãos e tecidos. A Doe de Coração contribui efetivamente para a linha de crescimento das doações e transplantes de órgãos e tecidos no Ceará ao sensibilizar as famílias para a decisão de doar”, avalia a profissional de saúde. 

Uma análise do número de transplantes realizados no Estado ajuda a entender a força da Doe de Coração. De acordo com dados da Central Estadual de Transplantes do Ceará, quando a campanha foi lançada, em 2003, o Ceará registrou 420 transplantes de órgãos e tecidos; em 2011, esse número já estava em 1.297. Entre 2003 e 2017, houve um aumento de 261,19% em transplantes, o que representa a marca de mais de 15 mil no Estado, até então. No ano passado, foram 1.616 transplantes realizados no Estado. 

O poder da informação 
Uma pesquisa conduzida pela médica nefrologista Tainá Veras de Sandes Freitas, do Serviço de Transplante Renal do Hospital Geral de Fortaleza, comprova a força que a informação sobre transplantes de órgãos pode trazer para a sociedade. O estudo, em conjunto com uma aluna do Mestrado Profissional em Transplantes da Universidade Estatual do Ceará (Uece), mostrou que um elevado percentual de pacientes em diálise clinicamente aptos para o transplante renal não está listado para este tratamento. “A principal causa é a desinformação sobre o transplante como melhor modalidade de tratamento para o paciente com doença renal crônica avançada. Isto mostra que os profissionais de saúde têm um desafio perene de esclarecer os pacientes para que tomem decisões sempre de posse da melhor informação possível”, explica a médica, que também é coordenadora do Departamento de Transplante Renal da Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO). 

Para ela, a Doe de Coração traz à tona o debate sobre a doação de órgãos, de maneira informativa e sensível. “As campanhas são sempre muito importantes, especialmente para falar à sociedade sobre a magnitude do problema das pessoas com doenças crônicas graves que estão esperando por um transplante, algumas delas sem outra alternativa de tratamento”, observa Tainá Veras de Sandes Freitas.

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