O presidente Jair Bolsonaro disse nesta terça-feira (15) que desistiu de lançar o programa Renda Brasil, uma reformulação do Bolsa Família. 

O presidente ameaçou ainda com "cartão vermelho" integrantes da equipe econômica que defenderem medidas como o corte de benefícios de aposentados e deficientes. "Até 2022, no meu governo, está proibido falar a palavra Renda Brasil. Vamos continuar com o Bolsa Família. E ponto final", afirmou.

"Eu já disse a poucas semanas que jamais que vou tirar dinheiro dos pobres para dar para os paupérrimos. Quem, porventura, vir a propor pra mim uma medida como essa, eu só posso dar cartão vermelho para essa pessoa. É gente que não tem o mínimo de coração, o mínimo de entendimento de como vivem os aposentados do Brasil. Então vou dizer a todos vocês. Pode ser que alguém da equipe econômica tenha falado sobre esse assunto, pode ser. Jamais vamos congelar salário de aposentados, bem como jamais vamos fazer com que o auxílio para idosos e pobre com deficiência seja reduzido para qualquer coisa que seja", disse o Presidente em vídeo publicado nas redes sociais. 

Desde a idealização, o Renda Brasil sempre foi motivo de conflito interno no Governo Federal. Ainda em julho, uma força tarefa foi criada para agilizar o projeto que tem por objetivo substituir o Bolsa Família em todo o País. 

A necessidade de um novo valor maior para as famílias carentes surgiu com o Auxílio Emergencial, que aumentou o Bolsa Família em até dez vezes dependendo das condições de cada beneficiário - no caso de mulheres chefes de família, o valor chega a R$ 1,2 mil. 

Cálculos 
Na força tarefa, a equipe econômica fez cálculos para que o novo programa alcançasse entre 6 milhões e 8 milhões de pessoas a mais do que o número de atendidos pelo Bolsa Família, hoje em cerca de 14 milhões. 

Diante do pedido de Bolsonaro, na época, Guedes afirmou na reunião que a alternativa será o corte das deduções médicas e de educação do IR. A avaliação é que essa renúncia de receitas do governo beneficia, em sua maior parcela, famílias de renda média e alta. 

De acordo com uma pessoa que estava na reunião, Guedes afirmou ter levado opções para custear o programa e ressaltou que o presidente teria que fazer escolhas - quanto mais programas revisados ou extintos, mais robusto ficaria o Renda Brasil. 

Efeitos do conflito 
Guedes queria extinguir benefícios como o abono salarial para abrir caminho no Orçamento a um benefício de maior valor para a população mais carente, mas Bolsonaro avisou que não vai "tirar de pobres para dar a paupérrimos" e exigiu um novo plano. 

O conflito entre o ministro e o presidente resultou, em agosto, em mais volatilidade no mercado, fazendo a Bolsa de Valores cair e o dólar aumentar.                        (Folhapress)

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