A confirmação veio no fim da tarde de ontem, pelas redes sociais do governador Camilo Santana: a partir da próxima segunda-feira (14), todas as regiões do Ceará estarão na fase 4, a última do plano de retomada. E com cerca de 95% da economia já ativa no Estado, o setor produtivo local comemorou a notícia, apontando a perspectiva de melhoria dos fluxos das cadeias entre todos os municípios, considerando setores como comércio e indústria. 

Mas alguns empresários ainda vivem incertezas, como os das escolas, que ainda não podem ter aulas presenciais, e os bares, ainda sem previsão de reabertura. 

“Tivemos nossa reunião semanal de avaliação do Decreto Estadual relativo à pandemia do coronavírus. A partir da próxima segunda-feira (14), com a entrada do Cariri, todas as regiões do Ceará estarão na 4ª e última fase do Plano de Retomada Econômica”, anunciou o governador. 

Mesmo com o a evolução do quadro econômico, é consenso entre especialistas da área da saúde que os cuidados sanitários preventivos devem ser mantidos pela população. 

O avanço do plano em todo o Estado foi enaltecido pelo secretário de desenvolvimento econômico do Ceará, Maia Júnior. Ele apontou que o mês de agosto apresentou o menor número de pedidos por seguro-desemprego no Ceará em 2020, com cerca de 11 mil requerimentos pelo benefício. 

Segundo ele, o Governo ainda está avaliando os impactos na economia cearense com a entrada do Cariri na quarta fase, mas disse que o nível de atividade do mercado não deve mudar tanto, considerando que o Estado já tem 95% da economia liberada. 

“A economia está reagindo e o retorno, como sempre afirmei, será gradativo. A recuperação será lenta e estamos trabalhando em busca do menor impacto, mas ainda é cedo para se fazer avaliação”, disse. 

“Ontem, saíram os dados de seguro desemprego e o número é o menor do ano, porém não sabemos se o número de empregos formais será o mesmos de antes da pandemia. A base será ajustada, temos de criar novas oportunidades com a retomada e, se possível, pensar na expansão e crescimento de alguns segmentos”. 

Já Guilherme Muchale, gerente do Observatório da Indústria da Federação das Indústrias do Estado do Ceará (Fiec), destacou que a confirmação da entrada do Cariri na quarta fase do plano de retomada é a consolidação das perspectivas positivas para uma recuperação mais tranquila no Estado. 

Com todo o Ceará na última etapa do plano, a indústria, segundo Muchale, deverá ser impulsionada a partir dos fluxos que serão registrados em toda a cadeia produtiva, com o retorno de atividades do comércio e serviços fortalecendo circulação de mercadorias. 

“Esse processo elevará a demanda por produtos industriais não só do Cariri, mas de outras regiões do Ceará. O possível avanço do Cariri para a quarta fase da retomada das atividades econômicas alicerça a perspectiva positiva da recuperação dos indicadores econômicos e sociais graças ao controle da disseminação da covid-19 em território cearense”, apontou. 

Mercado 
A perspectiva foi corroborada por André Montenegro, empresário da construção civil e vice-presidente da Fiec. Ele ainda defendeu que uma circulação maior de produtos no mercado pode ajudar a regular alguns preços. “Estava difícil lidar com diferentes fases em diferentes municípios, porque você precisava de uma matéria-prima que é produzida em uma cidade para entregar o produto em outra cidade, por exemplo. Tivemos muito essa questão com a construção civil, com a falta de cerâmica e tijolos. Uniformizando as fases, isso deve aliviar”, comentou André. 

O cenário também é positivo no comércio, de acordo com o presidente da Federação das Câmaras de Dirigentes Lojistas do Estado do Ceará (FCDL), Freitas Cordeiro. Apesar de ponderar o fato de que não haverá um aumento considerável no número de vendas por conta da entrada do Cariri na quarta fase, Freitas disse que o anúncio do governador dá alívio às cadeias produtivas. 

“É uma notícia excelente, pois estamos numa luta e no caminho certo, e quero torcer para que não tenhamos retrocesso, então é importante continuar seguindo avançando nessa retomada”, apontou. 

Incertezas 
Contudo, alguns setores ainda vivem incertezas em relação à retomada. Segundo o governador, o retorno das aulas presenciais ainda será discutido na próxima semana a partir de reuniões entre representantes do Estado e mercado. 

Já o setor de eventos deve viver um alívio a partir da próxima segunda. Segundo Ivana Bezerra, presidente do Visite Ceará, a liberação para realização de eventos com até 100 pessoas não é o melhor cenário para o setor, já que são celebrações de pequeno porte. No entanto, ela ponderou que a medida indica uma possibilidade de recuperação. 

Ivana relatou que os empresários do setor de turismo já estão observando uma melhora da malha aérea do Estado, com o retorno de voos, e que o feriado de 7 de setembro demonstrou o retorno da confiança do consumidor para fazer viagens. Ainda assim, Ivana afirmou que o turismo, pelo menos até o fim de 2020, deverá ser impulsionado pelos próprios cearenses, com baixa frequência de visitantes de outros estados. “É um passo pequeno, mas importante. Por mais que sejam eventos pequenos, dá indícios que a gente poderá voltar à normalidade em um futuro próximo”, disse. 

Bares
Já o diretor executivo da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes no Ceará (Abrasel-CE), Taiene Righetto, diz que o setor não tem conseguido estabelecer um diálogo com o Governo. Ele afirma, contudo, que os empresários do setor ainda estão esperando a publicação do decreto para decidir que tipo de ações serão tomadas. 

“Esse anúncio deixou a gente um pouco confuso. As escolas terão diálogo e ele dá a entender que os outros setores estarão abertos, mas não falou nada em relação aos bares para termos certeza. Temos visto essa confusão e não temos um diálogo e isso é ruim, pois precisamos nos preparar para uma possível reabertura”, disse. 

De acordo com Flávio Ataliba, coordenador do plano de retomada, o governo se reuniu várias vezes com o segmento, ressaltando que o Estado está sempre aberto ao diálogo. “Estabelecemos um plano de abertura para as atividades ditas especiais. Evidentemente que setores mais sensíveis como educação, eventos e bares estão sendo tratados com mais cuidado. Sempre que nos procuram, eu os recebo”, pontuou.                        (Fonte: Diário do Nordeste)

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