O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou nesta quinta-feira (17) o resultado da Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) 2017-2018: Análise da Segurança Alimentar no Brasil, onde mostra que 19% dos domicílios cearenses que participaram da pesquisa passaram por insegurança alimentar moderada ou grave, entre os anos de 2017 - 2018. A última vez que esse número tinham sido abordados foi em 2013, onde esse número era 12,5%. 

A insegurança alimentar é classificada em três categorias: leve, moderada ou grave. O domicílio classificado no tipo de insegurança alimentar leve é porque existe a preocupação quanto o acesso a alimentação no futuro e a qualidade do ato já está comprometida. Já o domicílio que apresenta insegurança alimentar moderada é aquele que quando os moradores tem uma quantidade restrita de alimentos. Já a insegurança grave é quando os residentes passam por privação severa na alimentação, chegando a fome. 

Essa insegurança esteve presente em 1,3 milhões dos domicílios cearenses entrevistados, ou seja 46,8% dos mais de 2,8 milhões entrevistados. Em comparação com a última vez que o assunto foi abordado, na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) de 2013, onde 2,6 milhões de domicílios participaram da pesquisa, os números registrados de insegurança alimentar moderada passaram de 196 mil para 375 mil. 

Já quando se trata da insegurança alimentar grave, esse número passou de 136 mil para 175 mil, ou seja, passou de 5,1% para 6,1%. 

"Quando falta, Deus ajuda" 
É nessa realidade, da insegurança alimentar grave, que se encontra Maria Ferreira, catadora de resíduos recicláveis. Ela, que acorda três vezes por semanas, às quatro horas da manhã, conta da dificuldade que é colocar comida na mesa. “O que a gente apura, com a reciclagem, a gente compra comida e paga energia, paga água e vai levando”, conta Maria. “Às vezes [a comida] não dá, porque é muita gente em casa e tem que ter comida para dar aos meninos, nem que seja um pouquinho, mas tem que dar para eles”, completa. 

“Quando falta, Deus ajuda, ou então a gente faz uns dois ovos para todo mundo aqui dividir”, pontua Maria. 

Para ela, que divide a casa com mais quatro pessoas e a única renda é a reciclagem, a pandemia dificultou mais ainda a situação em que vive. “Com essa pandemia que deu, ficou pior ainda a situação, com os depósitos de reciclagem fechados. A minha sorte é que as pessoas que me veem na rua, me perguntam se eu quero uma ajuda, que é um arrozinho, um feijão e aí eu trago para casa, para gente comer”, relata a catadora. 

Iniciativas 
Segundo Secretaria da Proteção Social, Justiça, Cidadania, Mulheres e Direitos Humanos (SPS), para combater a insegurança alimentar, o Governo do Estado tem atuado através de diversos programas, como o Cartão Mais Infância, que beneficia mais de 45 mil famílias, em situação de extrema pobreza, mensalmente, com o valor de R$ 85. “A transferência de renda é feita para famílias com crianças na primeira infância e em situação de extrema pobreza”, explica em nota. 

O programa Mais Nutrição é outro dos auxílios oferecidos pelo governo estadual. Através dele, já foram doadas mais de 500 toneladas de alimentos para cerca de 27 mil cearenses. Hoje o programa beneficia cerca de 16 mil crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade social de 91 entidades de Fortaleza, Caucaia e Maracanaú. 

O programa também já ofertou “doações para 31 municípios do Estado com necesidades diversas, como vítimas de enchentes, entidades artesanais, artistas circenses, instituições que atendem pessoas em situação de rua, crianças com câncer e fissura lábio-palatal e famílias atendidas pelo Mais Infância”, detalha a pasta. 

Quanto aos novos projetos, a SPS destacou que “está desenvolvendo o projeto de um restaurante social, com previsão de iniciar o funcionamento no ano que vem”, pontua. De acordo com a pasta, a ideia é ser uma experiência piloto com o objetivo que esses restaurantes possam ser desenvolvidos outros espaços.

(Diário do Nordeste)

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