Há uma semana o pequeno Raymundo Emanuel Moura Ferreira, de cinco anos, comemora a decoração do novo quarto, no bairro Messejana, em Fortaleza. O que pode parecer comum para muitos é, para a família do menino, uma conquista: Raymundinho como é conhecido recebeu alta do Hospital Geral Dr. Waldemar Alcântara (HGWA), localizado na Capital, na última quarta-feira (16) após 465 dias internado e agora está com os pais. 

O motivo para internação foi uma pneumonia agravada, depois foi atribuída à uma Amiotrofia Espinhal Infantil (AME). A doença, degenerativa, foi descoberta já na unidade de saúde da Capital. Distante dos dias de apreensão, a família, natural do município de Icó, construiu um novo lar em Fortaleza para que o menino continue com o tratamento. 

“Antes dele sair do hospital, a primeira vontade dele era um quarto de um desenho animado que ele gosta. Batalhei, batalhei e consegui. Ele entrou com os olhinhos brilhando perguntando. ‘É meu quarto, pai? Eu tô em casa?’. Eu disse que era sim. Ele ficou muito feliz com o quartinho dele”, relembra o agricultor Romero Rodrigues Ferreira, 37, pai do menino. 

Morando na nova residência desde o dia de alta do menino, o agricultor garante que o filho está se adaptando bem ao novo local. “Aqui tem o mesmo suporte do hospital, com cama, com os aparelhos. Ele não estranhou, acho que pra gente foi mais difícil. É muita coisa, muita mudança. Mas ele entrou com os olhinhos brilhando”, confessa. 

Diagnóstico 
O alívio de Romero nem de longe lembra os momentos antes do diagnóstico em junho de 2019. Por conta de uma doença “que não sarava”, Romero e a esposa, Jamira Moura da Silva, 31, procuraram atendimento médico na cidade natal. Na época Raymundo, com menos de quatro anos, apresentava sintomas de uma bronquite forte. 

“Levamos para o hospital e a pediatra passou alguns remédios. Como ele não melhorava mandaram a gente ir para Fortaleza porque era pneumonia. Quando chegamos aqui, descobrimos que ele tinha a Amiotrofia e que precisava ficar internado”, conta o pai. 

Já na internação a criança, único filho do casal, precisou se alimentar por sonda e respirar com ajuda de aparelhos. “Foi muito difícil. Ficamos no hospital direto”, pontua o pai. O acolhimento da equipe no HGWA foi fundamental para uma estadia mais confortável. “Tudo tinha para ele. Todo mundo muito preocupado. Qualquer sinal de alguma coisa, todo mundo corria para cima. Eu só tenho a agradecer, foram anjos na nossa vida”, reforça, emocionado. 

Para Jamira os dias agora são de preparação e mudança. “Agora vamos começar uma nova fase, no aconchego do lar. Só tenho a agradecer ao hospital por tudo que nos proporcionou e nos ajudou. Foram momentos difíceis que passamos, mas tivemos o apoio dos profissionais. Todos sempre nos deram muito apoio, muito carinho e se tornaram parte da nossa família também”, revela a mãe da criança. 

Apoio 
Para que a criança passasse a temporada na unidade, toda a equipe foi mobilizada, lembra a pediatra Carolina Parente, uma das responsáveis pelos cuidados. A assistência incondicional, bem como a força de vontade de Raimundo, contudo, contornaram a situação. “Ele chegou bastante debilitado, com insuficiência respiratória. Foram muitas situações que ele conseguiu superar e vencer. A doença é progressiva e acabou acometendo os movimentos das pernas e braços. Estabilizado e com toda a assistência social garantida, agora ele está apto a voltar para casa”, disse a pediatra Carolina Parente. 

Apesar de estável, por conta da doença, a saúde do menino ainda é frágil e a atenção continuará fora do Hospital. Devido às condições sociais da família, Raimundo fará parte do Programa de Assistência Ventilatória Domiciliar (PAVD), projeto do Governo do Ceará, e receberá o auxílio de uma equipe multidisciplinar em domicílio. De acordo com o coordenador do Serviço Social do HGWA, Michel Carvalho Barbosa, o setor deu todo o apoio e suporte à família. 

“Nós realizamos a avaliação social e vimos que eles precisariam do aluguel social e dos insumos como fralda, dieta, cama. Nós acionamos os órgãos e fizemos o acompanhamento para que ele pudesse sair com dignidade, segurança e todo o suporte para ficar em casa”, disse.

(Diário do Nordeste)

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