Estação de tratamento de água móveis em Salite. FOTO: Honório Barbosa
A pandemia do novo coronavírus e o calendário eleitoral foram determinantes para a suspensão de um programa inovador que entrou em teste em 2019 e tinha previsão de ser ampliado no decorrer do segundo semestre deste ano: as Estações de Tratamento Móveis (ETAs Móveis). Com isso, mais de 2.600 famílias deixaram de ser atendidas na região dos Inhamuns, área que estava definida para receber água tratada. 

O recurso hídrico seria levado por caminhões-pipa e colocado nas cisternas (placa ou de polietileno) das casas. 

O coordenador estadual do programa, Orestes Serafim, lamentou, mas explicou que a realidade impôs a decisão por parte da Secretaria de Desenvolvimento Agrário (SDA). “Temos a pandemia que suspendeu as ações, implantou protocolos de segurança e o período eleitoral, que também traz restrições de ações públicas”, pontuou. “Logos após o pleito, vamos retomar o programa”. 

Serafim adiantou que já foi feito o levantamento das áreas a serem atendidas em Antonina do Norte, Aiuaba, Arneiroz e Parambu. “Queremos começar em dezembro próximo e temos uma meta de atender 2600 famílias nessa região”, frisou. “O mapeamento já foi concluído e os equipamentos passaram por manutenção e estão prontos para ir a campo”. 

Cisternas de placas 
Ainda de acordo com a SDA, foram construídas recentemente 386 cisternas de placas com capacidade de 16 mil litros nos municípios de Aiuaba, Arneiroz e Parambu. Outras 1.600 unidades serão implantadas na região dos Inhamuns. 

No último ano, o programa atendeu cinco mil famílias cearenses. O recurso hídrico que chega à casa do sertanejo é oriundo de açudes e de poços, por meio de ETAs Móveis, que foram adquiridas pelo Estado do Ceará junto ao governo de Israel. Cada estação trata até 4.500 litros de água por hora. A frota é de nove caminhões-pipa para a distribuição da água.

São seis máquinas – uma com dois módulos – tratamento e dessalinizador acoplado - e cinco que fazem a filtração e processo químico em água doce, tornando o recurso hídrico potável. 

O uso do recurso hídrico deve ser exclusivo para atender ao consumo humano (beber e cozinhar os alimentos). “Nesta época do ano as cisternas começam a secar e precisamos de água, mas de qualidade”, mostrou o gerente da Comissão Municial de Defesa Civil de Aiuaba, Gabriel Silva. 

"A Operação Pipa do Exército ainda não retornou e um programa como esse do governo do Estado seria útil nesse momento para aliviar a pressão sobre a escassez de água”. 

A moradora da localidade de Taboleiro, zona rural de Antonina do Norte, Lourdes Gonçalves, reforça a falta do recurso hídrico para consumo próprio. “A pandemia faz com que a gente gaste mais água e as cisternas estão secando”. 

A média de atendimento é de dez cisternas por dia. Cada uma recebe uma carga de cinco mil litros, suficiente para atender uma família com quatro pessoas até a próxima quadra chuvosa, que começa em fevereiro de 2020. A capacidade de cada unidade é de 16 mil litros, mas o recurso hídrico precisa ser bem distribuído.                          (Diário do Nordeste)

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