FOTO: Isanelle Nascimento

A produção de mel de abelha cresceu 20% neste ano em comparação com 2019, no Ceará. Foram colhidas 3.500 toneladas do produto contra 2.700 no ano passado. Os bons resultados devem-se a boas quadras chuvosas. Outra boa notícia é a melhoria de preço. O quilo passou de R$ 4,50, valor comercializado na safra passada, para os atuais R$ 8,00. 

A exportação do mel para São Paulo e Santa Catarina, principais compradores do produto cearense, também cresceu, alcançando aumento de 35%, quando comparados os meses de janeiro a setembro de 2019 e igual período deste ano. Os dados foram divulgados pela Secretaria de Desenvolvimento Econômico e do Trabalho (Sedet). De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o produto foi o décimo da pauta de exportação do Ceará em 2019, impulsionando o segmento do agronegócio do Estado. 

Pluviometria 
A Federação da Apicultura do Ceará (Face) explica que a melhor distribuição pluviométrica ocorrida no Sertão cearense nas duas últimas quadras chuvosas contribuiu diretamente para o aumento da produção de mel de abelha, a partir da permanência mais duradoura das floradas da mata sertaneja. Neste ano, a produtividade média foi 25kg/colmeia/ano contra 20kg em 2019. Cerca de 95% da produção é oriunda da agricultura familiar. 

“Não falta comprador”, comemora o presidente da Face, Irineu Fonseca. Para o próximo ano, caso as precipitações continuem dentro ou acima da média, a expectativa é de continuidade de crescimento.

Protagonismo 
O Estado já liderou o ranking de produção nacional no ano de 2011 com seis mil toneladas, segundo dados do IBGE, mas as dificuldades decorrentes de seis anos seguidos de chuvas abaixo da média trouxeram dificuldades para o setor. Na fase crítica (2017), a safra caiu para cerca de 2.100 toneladas por ano. 

Neste ano, além das boas chuvas, a pandemia do novo coronavírus impactou de forma positiva o setor, diferentemente de outras culturas e atividades agropecuárias, uma vez que se difundiu as propriedades imunológicas do própolis  e do mel de abelha, ampliando consideravelmente a demanda desses produtos em mais de 60%. 

O secretário-executivo do Agronegócio da Sedet, Sílvio Carlos Ribeiro, reafirma também que os bons resultados para o setor do mel resultam tanto da boa safra quanto do aumento da procura pelo produto. 

“É um setor que está crescendo, vem se organizando e no pós-pandemia a demanda por produtos saudáveis como frutas, mel e seus derivados vai ser crescente”, frisou Ribeiro. 

O Ceará tem como principais regiões produtoras do mel, o Cariri, Baixo Jaguaribe, Sertões do Inhamuns e Crateús, e Sertão Central. O destaque por produção municipal fica para Parambu, Cariús, Pedra Branca, Tabuleiro do Norte e Jaguaribe. 

Em Cariús, o apicultor e presidente da Associação de Produtores de Mel de Abelha, comemora a boa safra. “Esperávamos um crescimento em torno de 30%, mas na média ficou em 25% aqui no Município”, disse. “Estamos saindo da crise dos últimos anos por causa das chuvas escassas em que derrubou a produção anual de 30 toneladas para 20 toneladas”. Ele lembrou que nos anos secos teve de migrar com as colmeias para a chapada do Cariri. 

Apoio 
No Ceará, a produção de mel de abelhas ocorre em 165 municípios e há 265 associações de apicultores. Por meio do projeto São José e do programa Rota do Mel, cerca de 30 mil colmeias foram entregues a produtores no interior cearense nos últimos dois anos, além da instalação de 55 casas de mel. 

Também está em andamento um projeto que será apresentado à Sedet para regularização do setor. A  Câmara Temática do Mel (CT Mel), ligada à Agência de Desenvolvimento do Ceará (Adece), estima que o Ceará tenha cerca de sete mil apicultores distribuídos em todas as regiões. 

Irineu Fonseca ressaltou que está em articulação no Ceará um trabalho para cadastrar todos os apicultores e definir políticas públicas de apoio ao setor. “Para crescer de forma sustentável é preciso ter organização, profissionalização e qualidade com o produto certificado para ser vendido em todo o país”, argumentou. “O mercado é favorável, mas precisamos nos organizar”.

(Fonte: Diário do Nordeste)

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