Foi encaminhado na última terça-feira (29) à Agência de Defesa Agropecuária do Estado do Ceará (Adagri) um pacote contendo sementes ‘misteriosas’ recebidas por uma cearense pelos Correios. A encomenda internacional, que não foi feita pela mulher, chegou a Fortaleza no dia 23 de setembro. De acordo com a superintendência do Ministério da Agricultura no Ceará, as sementes serão enviadas para a rede oficial de laboratórios federais da pasta e serão devidamente analisadas.

A descrição da encomenda informava que o produto enviado era um anel no valor de US$ 1 (um dólar). Porém, ao abrir o envelope, a cearense encontrou o pacote com sementes, que não chegou a ser aberto. Para Holanda Neto, superintendente do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento no Ceará, não abrir a embalagem é uma medida correta. “De forma muito sensata apenas identificou que não tinha feito nenhum pedido de nenhum país asiático, ou outro país do mundo, e simplesmente remeteu o produto para a Agência de Defesa para ter o destino correto”, conta. 

Essas sementes vindas, em sua maioria, de países asiáticos, como China e Malásia, e do território autônomo, Hong Kong, têm chegado pelos Correios em embalagem contendo apenas elas. No entanto, o superintendente alerta que também há casos de sementes virem junto às compras feitas em sites internacionais, sendo confundidas com brindes ou embalagens de sílica em gel. 

“Nós tivemos um caso no Estado do Amapá, em que as sementes chegaram dentro de embalagens com luminárias, então a pessoa fez uma compra de luminárias em um site internacional e dentro da embalagem com luminárias veio um pacote com sementes, como um espécie de brinde, Inclusive, tem casos que as sementes podem ser confundidas com aquelas embalagens de sílica em gel, para fins de conservação”, alerta Holanda Neto. 

No Brasil, o Ministério da Agricultura acumulava 36 denúncias sobre o recebimento de pacotes de sementes não solicitadas, até terça-feira (29). Além do Ceará, essas entregas foram identificadas em outros oito estados: Bahia, Pernambuco, Rondônia, Goiás, São Paulo, Mato Grosso do Sul, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. As sementes apreendidas em todo o Brasil estão sendo analisadas no Laboratório Federal de Defesa Agropecuária (LFDA). 

Sobre a situação, a embaixada chinesa se pronunciou nesta quinta-feira (1º), e se colocou à disposição das autoridades brasileiras para cooperar com as investigações. “Uma verificação preliminar constatou que as etiquetas de endereçamento apresentam indícios de fraude, com erros no código de rastreamento e em outros dados”, destaca em nota. 

A embaixada também pontua que “sementes são artigos de envio proibido ou restrito para os países membros da União Postal Universal (UPU). Os Correios da China seguem rigorosamente às disposições da UPU e vetam o transporte postal de sementes”. 

Consequências 
De acordo com o superintendente, produtos de origem vegetal ou animal podem conter riscos fitossanitários graves. Caso plantadas, as sementes podem afetar diretamente a flora e as lavouras locais, por não serem plantas nativas de uma determinada região. 

“Produtos de origem vegetal e animal podem conter riscos graves, tanto a questão da agropecuária quanto a questão da saúde humana. Nesses casos das sementes que estão chegando ao Brasil, de destinos desconhecidos, podem carregar vírus, bactérias e fungos que podem comprometer e devastar toda a agricultura de uma região e até de um país”, explica. 

Recomendações 
A principal recomendação para o consumidor que receba uma encomenda como essa é encaminhar o objeto às autoridades competentes. “E se você efetuou a compra, efetuou o pedido de algum produto, seja ele importado ou nacional, e dentro dessa embalagem veio qualquer produto de origem vegetal ou animal, [a recomendação] é que você encaminhe ao Ministério da Agricultura”, pontua. 

O representante da Pasta também destaca que as sementes não devem ser descartadas no lixo, a fim de evitar a disseminação da mesma no ambiente. “Quando vier qualquer produto de origem vegetal ou animal, especialmente esses casos concretos, como sementes, que essas sementes não sejam plantadas e não sejam descartadas no lixo, pois elas podem ainda assim germinar”, enfatiza o superintendente. 

Para mais informações ou dúvidas sobre casos como das embalagens com sementes, o consumidor pode entrar em contato com o Ministério da Agricultura no Ceará no endereço abaixo: 

Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento no Ceará 
AV. dos Expedicionários, 3442 - Benfica 
CEP: 60410-410 
Fortaleza/CE 
Tel: (85)-3455.9201 / 3455.9202 
gab-ce@agricultura.gov.br

(Diário do Nordeste)

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