FOTO: Marciel Bezerra

Após um aumento de 219.2% na incidência de raios no Ceará, de janeiro a setembro deste ano, em relação a igual período de 2019, o Grupo de Eletricidade Atmosférica (ELAT), do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) prevê continuidade de crescimento de 10% a 30% de descargas atmosféricas no Estado entre o próximo mês de novembro e fevereiro de 2021. 

De acordo com a análise do coordenador do ELAT/INPE, Osmar Pinto Junior, doutor em Geofísica Espacial, este aumento de raios acontece pela ocorrência do fenômeno La Niña, ou seja, o resfriamento das águas do Oceano Pacífico Equatorial. Neste período, as chances de chuvas mais intensas são maiores no Semiárido nordestino. Nas regiões Norte e Sul do País, o aumento será ainda maior, de 50%. 

Neste ano, segundo levantamento do ELAT/INPE, de janeiro a setembro o Ceará teve a incidência de 2.083.945 raios, bem acima para o mesmo intervalo, em 2019, quando foram registrados 652.864 raios. 

“O aumento dos raios em 2020, principalmente no verão, se deve as temperaturas das águas do Oceano Atlântico estarem mais propícias para a ocorrência de tempestades”, completa Osmar. 

De acordo com a Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme) o período de precipitações mais intensas, que no Ceará acontece de fevereiro a maio, contribui para uma maior incidências de raios. 

Isto se dá pela atuação de sistemas meteorológicos que costumam formar nuvens de grande desenvolvimento vertical, que são chamadas de cumulonimbus, também conhecidas por nuvens de tempestade, e, diante disto, são também favoráveis à formação de raios. 

De forma geral, o território cearense como um todo pode receber raios, porém, as regiões com maiores altitudes, como as serranas, têm uma frequência um pouco maior devido as condições para formação de nuvens mais pesadas. 

Segundo o ELAT/INPE, estas são as cinco cidades do Estado com maior ocorrência: 
Granja 10,11 por km²/ano 
Chaval  9,04 por km²/ano 
Martinópole 8,85 por km²/ano Uruoca 8,59 por km²/ano 
Moraujo 8,21 por km²/ano 

Perigo 
De 2000 a 2019, o Brasil soma 2.194 vítimas de acidentes por conta das descargas elétricas. No Ceará, apenas no ano passado, foram registradas oito ocorrências dessa natureza, ocasionando a morte de quatro pessoas. O número deixou o Ceará como o Estado do Nordeste com mais mortes por raios em 2019. 

Diretor-executivo da Associação Brasileira de Conscientização para os Perigos da Eletricidade (Abracopel), o engenheiro eletricista Edson Martinho acredita que a melhor forma de evitar estes acidentes é a informação. 

“Quando se forma uma tempestade, o ideal é não ficar em locais abertos, como praias, campos, porque o raio vai procurar o caminho mais rápido para a terra e, se você tiver no caminho, será atingido”, explica. 

Por isso, ressalta que é importante também não se abrigar, durante tempestades, embaixo de árvores ou guarda-sol, por exemplo, que serão condutores. “Sempre procurar estar numa edificação, um prédio ou dentro do carro”, alerta. 

Porém, a descargas atmosféricas também causas um efeito secundário: o surto de tensão, que pode causar a queima de equipamentos eletrônicos ou, se tiver em uso, tocando o aparelho, levar a um choque que pode ser fatal. 

“Causa o espalhamento de uma carga secundária que pode ser levada para dentro do prédio”, detalha Edson. Neste caso, ele orienta para a manutenção da instalação elétrica e a instalação de um Dispositivos de proteção contra surtos (DPS). 

A Enel, responsável pela distribuição de energia elétrica no Ceará, também orienta para se evitar os usos do celular, secador de cabelo e ferro elétrico conectados à tomada, bem como de chuveiro ou torneira elétrica e consertos de instalações elétricas. Fora de casa, pede que se evite o contato com objetos metálicos, como cercas de arame, tubos metálicos e principalmente linhas telefônicas ou elétricas.

(Fonte: Diário do Nordeste)

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