A Aliança Nacional LGBTQI+ entrou com uma ação civil pública nesta terça-feira (22) na Justiça de Goiás contra a música “Lili”, gravada pela dupla sertaneja Pedro Motta e Henrique. Uma notícia crime também foi protocolada, para que o Ministério Público investigue o suposto crime de transfobia, que consiste em atos preconceituosos contra transexuais. 

Os artistas postaram um vídeo em rede social comentando a polêmica em volta da música e pediram desculpas para quem está interpretando mal a letra da canção. “A gente não está aqui para menosprezar a imagem de vocês. Pelo contrário, a música diz que o amor da nossa vida é uma travesti. A gente pede desculpas a todos vocês que estão interpretando mal a música”, relatou a dupla. 

Tentou-se contato com a assessoria da dupla, mas não obteve retorno até a última atualização desta reportagem. 

O crime de transfobia foi enquadrado no mesmo artigo do racismo, por ministros do Supremo Tribunal Federal, em junho de 2019. A pena varia entre um e cinco anos de prisão. 

A canção foi lançada na sexta-feira (18) e relata a história de um homem que se apaixonou por uma travesti e, depois, se sentiu enganado. Segundo a letra, o protagonista descobriu a suposta “traição” depois de um mês de namoro, quando foram para um motel. 

“Ô Lili, ô Lili 
Por que você mentiu pra mim? 
Ô Lili, ô Lili 
O amor da minha é uma travesti”, diz o refrão da música. 

A advogada goiana Amanda Souto Baliza, que assina as ações com a entidade paranaense, explica que a notícia crime narra a suposta prática do crime de transfobia e serve para que o Ministério Público de Goiás investigue o conteúdo da música e, se identificar a prática do crime, ofereça denúncia ao Judiciário. 

Em outra frente, a ação civil pública pediu a retirada da canção das plataformas de música disponíveis nas lojas de aplicativos, além de indenização por danos morais coletivos a ser revertida para instituições que promovam a defesa dos direitos das pessoas transexuais e travestis no Brasil. 

Em nota, a entidade explicou que as ações foram movidas em razão de que nenhum tipo de preconceito deve ser admitido, “especialmente quando usado para alcançar fama ou dinheiro”. 

A aliança diz ainda no comunicado que segue firme e vigilante “na luta da defesa dos direitos das pessoas LGBTI+ para que o Brasil se torne um país mais justo e seguro para todos, todas e todes”. 

Posicionamento da dupla em vídeo 
Muito obrigado pelo sucesso da Lili, mas queremos esclarecer uma coisa. Estão nos chamando de homofóbicos. Gente, de forma alguma. Nunca vocês ouviram falar que Pedro Motta e Henrique são homofóbicos. Temos muitos amigos nos apoiando na música. Mas eles estão com medo de se exporem e de serem bombardeados como a gente. A gente não está aqui para menosprezar a imagem de vocês. Pelo contrário, a música diz que o amor da nossa vida é uma travesti. A gente pede desculpas a todos vocês que estão interpretando mal a música. Sabemos que vai ter polêmica, mas nos desculpem. 

Nota da Aliança Nacional LGBTQI+ 
A Aliança Nacional LGBTI+ protocolizou nesta segunda-feira, dia 21 de dezembro de 2020 uma notícia crime para que seja apurada a suposta prática do crime de transfobia e apologia ao crime de estupro de vulnerável por dupla sertaneja goiana. 

Além disso, foi protocolizada Ação Civil Pública nesta terça-feira, 22 de dezembro. Neste processo a instituição pede a remoção do conteúdo de caráter transfóbico bem como indenização por danos morais coletivos a ser revertida para instituições que promovem a defesa dos direitos das pessoas transexuais e travestis no Brasil. 

Nenhum tipo de preconceito deve ser admitido, especialmente quando usado para alcançar fama ou dinheiro, seguimos firmes e vigilantes na luta da defesa dos direitos das pessoas LGBTI+ para que o Brasil se torne um país mais justo e seguro para todos, todas e todes.

(Fonte: G1)

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