Uma descoberta realizada por pesquisadores da Universidade Estadual do Ceará (Uece) e por técnicos da Companhia de Gestão de Recursos Hídricos do Ceará (Cogerh) deve alterar, a partir de 2022, os livros que mencionem a geografia cearense. O estudo divulgado nesta semana, identificou que a nascente do Rio Jaguaribe, o mais importante afluente cearense, nasce no sentido oposto ao que atualmente consta nos registros oficiais do IBGE e, por conseguinte, nos materiais didáticos. 

"A verdadeira nascente dele (Rio Jaguaribe) é no morro da Lagoa Seca, na Serra das pipocas, em Pedra Branca, e não na Serra da Joaninha, em Tauá. Antes pensávamos estar mais a Oeste, e agora sabemos que a nascente é no Norte, mais ao centro do Estado", detalha o professor da Uece e integrante da expedição, João Silvio Dantas de Morais. 

Após a descoberta, a Cogerh enviou ao IBGE pedido de homologação e, tão logo o Instituto homologue o estudo, "os próximos livros já devem sair com a informação corrigida", acrescenta Silvio. Segundo ele, por conta da pandemia, o processo deve durar cerca de um ano. 

"Acredito que não teremos nenhuma intercorrência, os equipamentos e metodologias do IBGE são os mesmos utilizados por nós, então acredito que eles vão homologar, sim, o nosso estudo", destaca o docente. 

Na prática, a mudança não vai impactar na gestão hídrica da Bacia do Jaguaribe, que é dividida em alta, média e baixa, e ocupa mais de 50% do território cearense, abrangendo mais de 80 dos 184 municípios cearenses. "O rio continua sendo genuinamente cearense. Ele ainda nasce e deságua no Ceará, portanto a gestão das águas não sofre nenhuma interferência", explica o gerente regional da Cogerh, Anatarino Torres. 

Silvio acrescenta que "o trabalho é importante para atualizarmos a cartografia cearense. Sem contar que é fundamental termos conhecimento, com exatidão, onde são as nascentes dos rios, que é o local onde a água subterrânea atinge a superfície". 

Estudo 
A pesquisa começou a ser visualizada ainda no ano de 2017, quando pesquisadores iniciaram uma série de atividade nos leitos dos rios cearenses. O objetivo, à época, era desenvolver intervenções que pudessem restaurar a mata ciliar dos afluentes. A partir das visitas em campo, narra João Silvio, teve-se a ideia de estudar, de forma mais minuciosa, o Rio Jaguaribe, dado à sua importância. 

"Deu muito trabalho. Foram várias idas técnicas a lugares de extrema dificuldade no acesso, mas o resultado obtido foi importantíssimo e que vai modificar nossa geografia", conclui o docente.

(Fonte: Diário do Nordeste)

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