Em 2018, Luana foi atropelada por um ônibus e teve
de amputar uma das pernas. FOTO: Rodrigo Gadelha

O Governo do Ceará lançou no último dia 3, data em que é celebrado o Dia Internacional das Pessoas com Deficiência, uma plataforma para incluir e promover assistência ao grupo. Inicialmente, o 'Programa de Assistência à Saúde das Pessoas com Deficiência' vai mapear o quantitativo. 

No programa, as pessoas poderão fazer um cadastro pelo site, que vai servir para a realização de um censo, de modo a obter informações detalhadas sobre a situação da pessoa com deficiência no Ceará. 

"Esse programa vai possibilitar a inserção e integração das pessoas com deficiência nas políticas públicas, especialmente na saúde. A lógica hoje é a descentralização para que as pessoas possam ter os serviços prestados na sua região. Vamos poder planejar para as pessoas receberem a sua assistência", explicou o governador Camilo Santana. 

Além do censo, um dos objetivos da plataforma é realizar a capacitação de cearenses para a elaboração, adaptação e manutenção de órteses e próteses com a implantação de oficinas-escolas. Dessa forma, serão gerados mais empregos à pessoa com deficiência, maior autonomia e garantia de inclusão social. 

De acordo com Marcos Gadelha, secretário executivo de Política em Saúde do Ceará, o banco de dados vai facilitar o reconhecimento de casos prioritários. “Nós vamos qualificar essa informação, conhecer melhor as necessidades dessas pessoas com deficiência. Isso vai definir as pessoas que vão precisar ser atendidas de forma mais urgente”. 

Outro objetivo do programa é descentralizar os serviços voltados para o público-alvo, dessa forma, pessoas que moram no interior do estado não precisariam se deslocar à Capital. Segundo a Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa), o processo será realizado nas 22 áreas descentralizadas da saúde, com distribuição de medicamentos, materiais e insumos. 

Melhorias
A produtora cultural Luana Holanda, de 39 anos, vê de forma positiva a criação da plataforma. “Esse censo ajudará para que se tenha menos subnotificações dessa minoria tão inviabilizada e assim traçar políticas públicas melhores. Esses dados podem futuramente ser usados para criação de políticas públicas em outros âmbitos, como educação, trabalho, cultura, esporte e lazer”, afirma ela que é uma pessoa com deficiência física. 

No entanto, ela aponta que há entraves com relação ao programa. “Embora a plataforma use questionários baseados na avaliação biomédica, o modelo é antigo e vem sendo muito discutido para que seja substituído pelo modelo de avaliação biopsicossocial da pessoa com deficiência, afinal temos outras questões que não se limitam apenas ao âmbito da medicina e não somente as nossas deficiências em si”, explica. 

Luana pondera que a iniciativa de descentralização é um começo para atender melhor às demandas do grupo. “Hoje em dia existem filas de espera muito extensas para aquisição desses equipamentos assistivos, que são garantidos por lei. São pessoas que não conseguem se reabilitar ou habilitar corretamente e voltar às suas atividades plenamente, seja pela morosidade para receber, seja pela baixa qualidade do equipamento, seja pelo deslocamento de cidade para tentar conseguir”, conclui.

(Fonte: Diário do Nordeste)

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