Quando se mudou para os Estados Unidos, há 10 anos, para fazer pesquisas em sua área de trabalho, o cearense André Abreu, 44, não poderia imaginar que, em meio a uma pandemia, seria um dos primeiros no país a ser vacinado. Contudo, na última quinta-feira (17), o médico recebeu a primeira dose da vacina contra o coronavírus, na cidade de Los Angeles. Os Estados Unidos começaram a vacinação na segunda-feira (14). 

Ele foi imunizado com a substância produzida pela Pfizer e aprovada pela FDA (Food and Drug Administration), agência federal do Departamento de Saúde e Serviços Humanos dos Estados Unidos, e deverá receber a segunda dose daqui a 20 dias.

“Eu não trabalho em linha de frente, mas estou no hospital todos os dias. Achei que não fosse ser selecionado para receber a vacina. Mas, para a minha surpresa, recebi um e-mail da Universidade do Sul da Califórnia, que é onde eu trabalho, dizendo que eu poderia ser vacinado. Me deram cinco dias pra escolher, e eu respondi de imediato”, relata. 

Abreu descreve que a aplicação foi indolor e que não sentiu efeitos colaterais até o momento. “Estou me sentindo muito bem. O local da aplicação tem um pouco de dor, o que é comum a qualquer injeção, e nada mais que isso. Conversei com outros colegas que tomaram, e nenhum deles sentiu nada”, afirma. 

Segundo ele, após a aplicação, não foram feitas contraindicações em relação ao consumo de alimentos, bebidas ou atividades físicas. Será necessário apenas receber uma dose de reforço. 

Exemplo 
Natural de Fortaleza, Abreu se formou pela Universidade Federal do Ceará (UFC). Nos Estados Unidos, teve o título de médico validado e passou pelo processo requerido pelas agências regulatórias para permanecer no país. Em seguida, foi contratado pela Universidade do Sul da Califórnia para trabalhar como urologista. 

Ele relata os primeiros contatos, ainda pelos noticiários, com os efeitos do coronavírus na China. Na época, a Covid-19 ainda parecia uma realidade distante. Poucos meses depois, o médico viu a cidade de Los Angeles, onde reside, ter o lockdown decretado. “Foram dias difíceis, obscuros. Parecia que a cidade estava de luto. Dirigíamos na rua e não víamos ninguém, nenhum carro”, recorda. 

Hoje, em meio às dúvidas que acompanham a chegada da vacina, Abreu toma como exemplo os demais profissionais da saúde do país. 

“Como médico, eu tenho que mostrar que essa vacina é segura e necessária, dar o exemplo à população. Fui afortunado de estar aqui no momento e ter sido escolhido. A vacina é segura, existem órgãos de regulamentação para avaliar a eficácia e a segurança dessa vacina, esses órgãos são sérios. Todos os medicamentos que usamos hoje passaram por isso”, declara. 

“Quando me ofereceram, a minha vontade era de passar a vacina pra minha esposa e para os meus pais, nem queria pra mim mesmo. Mas, recebendo, eu provavelmente não vou adoecer e nem trazer a doença para a minha casa. Minha esposa e meus filhos não vão adoecer, e essa corrente se propaga para outras pessoas”, pondera o urologista.                      (Diário do Nordeste)

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