Miss Brasil entrega cestas básicas em Juazeiro do Norte e defende combate ao preconceito em relação às pessoas com hanseníase. FOTO: Lorena Tavares

Uma ação solidária realizada em Juazeiro do Norte, vai acompanhar por quatro meses 20 famílias de pessoas com hanseníase. A mobilização começou na manhã desta sexta-feira (11) e é uma iniciativa do Movimento de Reintegração das Pessoas Atingidas pela Hanseníase (Morhan) em parceria com a Fundação de Saúde Sasakawa, do Japão. 

A ação teve a presença da miss Brasil 2020, Júlia Gama, voluntária do movimento. “Eu me sinto responsável de colocar esse título a serviço do Brasil, usar a minha visibilidade e chamar a atenção, trazer ação e olhares para essa causa, pessoas invisíveis”, justificou. “O Brasil é o campeão em índices da doença e em números absolutos só perde para a Índia”. 

Ao todo, serão contempladas quatro cidades no Brasil. No Ceará, a escolhida foi Juazeiro do Norte. As outras selecionadas são duas capitais - Rio de Janeiro e Manaus; e Vitória da Conquista (BA). 

As cestas básicas foram entregues no bairro Aeroporto nas casas das famílias beneficiadas. Durante quatro meses, 20 famílias serão acompanhadas em Juazeiro do Norte e vão receber cestas básicas, kits de higiene pessoal, máscaras e acompanhamento médico e de enfermagem. 

Para Júlia Gama “passou da hora de o Brasil radicar essa doença que é a mais antiga”. A miss Brasil observou um desafio que é "conseguir medicamentos para a população porque está em falta, por causa de dificuldades logísticas mediante o quadro de pandemia”. 

Outro desafio histórico que precisa ser superado segundo Júlia Gama é “acabar com o preconceito, pois hanseníase tem cura e as pessoas precisam ter alívio e conforto”. 

O vice-coordenador nacional do Morhan, Francisco Faustino Pinto, frisou que “a cidade de Juazeiro do Norte tem incidência alta da doença e são registrados por ano de 100 a 150 novos casos, e há pessoas com sequelas e dificuldades de acesso aos serviços básicos de saúde”. 

O Morhan busca melhor a assistência e mais atenção aos pacientes. “O nosso trabalho é voltado para educação em saúde, mas de modo emergencial, por causa da pandemia, estamos realizando essa ação solidária de acompanhamento por quatro meses a essas famílias”, explicou Francisco Faustino. 

Um dos pacientes, que não será identificado, agradeceu a entrega da cesta básica e frisou que “há muito preconceito entre as pessoas, que têm medo de se aproximar dos que estão doentes e em tratamento”. 

O médico clínico geral, José Humberto da Silva, que há mais de 20 anos atende em unidade de referência pacientes com hanseníase observa que há dificuldades resultante da “descontinuidade do tratamento e que é preciso ocorrer busca ativa e maior assistência para reverter esse quadro”. Para ele, “o forte estigma social contra a doença e os doentes precisa ser vencido”.

(Fonte: Diário do Nordeste)

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