Foto: Natinho Rodrigues

Por dia, no Ceará, cerca de mil exames para diagnóstico da Covid-19 atestam resultado positivo. No início do ano, a média diária girava em torno de 900 testes positivos, índice que cresceu na segunda semana do mês, quando a média subiu para 1,3 mil, e que oscilou para baixo na terceira semana, quando ficou em 1,1 mil, segundo dados do IntegraSUS até 23 de janeiro. 

As taxas de positividade indicam que, hoje, em cada três testes aplicados no Estado, um dá positivo. Em 23 de dezembro, um mês antes, davam positivo um em cada dois exames.

A técnica de enfermagem Grace Campos entrou para as estatísticas. Após ter sido infectada duas vezes pelo novo coronavírus, disse que sentiu, na última vez, ânsia de vômito, dor no corpo, febre e diarreia. Em uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Fortaleza, foi submetida ao teste nasal e, três dias depois, recebeu o resultado positivo. “Fiquei uns dias em casa e retornei ao trabalho. Os sintomas desapareceram”, garantiu a profissional. 

Segundo o infectologista Ivo Castelo Branco, o progressivo aumento da positividade da Covid-19 no Ceará reflete o relaxamento das medidas de proteção individual e de distanciamento social - processo que se agravou desde as eleições municipais do ano passado. “Os casos aumentaram no Brasil como um todo. Tanto que, nos locais onde os serviços de saúde não estão tão bons, a gente está vendo o caos da saúde”, alerta o médico. 

Comportamento de risco 
Um dos comportamentos de risco para a Covid-19 mais comuns atualmente, de acordo com Ivo, é sair despretensiosamente com amigos para locais com aglomeração. “Esses jovens acabam se contaminando” e transportando a doença para outras pessoas próximas, disse. “É por isso que estamos tendo aumento de casos, porque esse desleixo ocorreu”. 

Confusão com outras doenças 
Devido à pré-estação chuvosa, principalmente, é comum, neste período do ano, aumentar as buscas pelo sistema de saúde de pacientes com sintomas gripais e outros sugestivos para arboviroses como dengue, zika e chikungunya, além de outras doenças. E, somente no que diz respeito à síndrome gripal, essa demanda tem sido, sobretudo, de jovens.

Entre os dias 22 e 28 deste mês de janeiro, por exemplo, foram 1,7 mil atendimentos a pacientes com essas características nas UPAs da Capital, o que representou 53% do total registrado no período (3,2 mil). Como Ivo, Keny Colares, consultor em infectologia da Escola de Saúde Pública do Ceará (ESP/CE), também atribui a busca pela rede de assistência e o próprio aumento do contágio por coronavírus a comportamentos irresponsáveis da população mais jovem. “Eles têm se exposto de uma forma muito mais aberta”, critica. 

Por outro lado, a epidemiologista Caroline Gurgel pondera que, além disso, as buscas podem se justificar pelo medo das complicações da Covid-19. Quando tinham qualquer doença, destaca a profissional, “as pessoas ficavam mais em casa. Mas, agora, elas têm medo”. 

Testar para confirmar 
A testagem para a Covid-19 se faz, portanto, fundamental para o diagnóstico e tratamento correto da Covid-19. “Sendo Covid, muda estratégia de controle, de fechamento e de abertura de locais, de fazer com que se direcionem recursos para que se trate melhor [a pandemia]”, considera Ivo. 

O ideal agora, para o infectologista, é que as autoridades sanitárias avaliem as faixas etárias que mais estão positivando para a doença e decidam a melhor estratégia no sentido de prevenir e interromper a disseminação do vírus. “Se você for ver por faixa etária, vê que locais elas [as pessoas] frequentam, se é escola, universidade, creche, e toma providência”. 

Diariamente, nos últimos sete dias, foram aplicados, em média, 3,5 mil testes para detecção da Covid-19 no Ceará, a maior parte em Fortaleza.                            (Fonte: Diário do Nordeste)

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