Foto: Wesley Lima

A falta de destinação de recursos para os resíduos sólidos tem sido alvo de constantes problemas nos municípios do Cariri. Aumento na poluição, comprometimento no saneamento básico e saúde pública precária fez com que dez municípios, há alguns anos, firmassem acordo para tornar possível a construção de aterro sanitário que pudesse suprir a demanda populacional sem afetar diretamente a vida dos moradores, como tem ocorrido com os lixões a céu aberto nas cidades do Crajubar e tantas outras. Desta forma, debates em prol de uma indústria de resíduos sólidos para o Cariri, bem como o encontro dos atuais prefeitos em busca de acordos para tirar do papel o tão esperado projeto do aterro sanitário ganharam nova luz, trazendo esperança de uma possível solução para o caos gerado pelo lixo urbano. 

Um dos problemas mais sérios acontece em Juazeiro do Norte, maior cidade do sul cearense e terceira maior do Estado, o que agrava quanto a demanda de resíduos sólidos, alvo de constantes denúncias e anseio de soluções ambientais urgentes. O prefeito da cidade, Glêdson Bezerra, falou acerca da perspectiva de inclusão do município na agenda pública de criação do consórcio do Aterro Sanitário Regional do Cariri. 

“Existe um consórcio, formado por 9 cidades aqui da região do Cariri. Juazeiro inicialmente compôs, e depois entrou e saiu dele por várias vezes, isso tudo na gestão passada. Neste início da nossa gestão, o Governo do Estado, através do secretario Paulo Lustosa, perguntou do nosso interesse em voltar a fazer parte do consórcio, e nós de pronto dissemos que sim”, diz o gestor municipal. 

Com mais de dez anos de criação, o projeto inclui as cidades de Juazeiro do Norte, Crato, Barbalha, Caririaçu, Nova Olinda, Santana do Cariri, Jardim, Missão Velha, Farias Brito e Altaneira. Naquela época, o investindo para constrição era de cerca de R$ 20 milhões. A localidade para construção deste seria na divisa entre Juazeiro do Norte e Caririaçu, com área total de 176,6 hectares e capacidade para receber de 180 mil a 200 mil toneladas anuais de resíduos e estrutura para receber resíduos por cerca de 20 anos. 

Segundo o prefeito, o município atualmente é quem enfrenta a maior dificuldade quanto a destinação final dos resíduos sólidos, com um lixão a céu aberto que constantemente é alvo de queimadas, com relatos da população no entorno quanto a ameaça a saúde dos moradores. A maior dificuldade, no entanto, foi em possibilitar a parceria entre os municípios e o governo estadual, para que o projeto saísse do papel. 

Consórcio 
No último dia 14 de janeiro, ele os prefeitos de Crato, Zé Ailton, e Barbalha, Dr. Guilherme, estiveram com governador Camilo Santana na Assembleia Legislativa do Ceará, por intermédio do deputado e presidente da AL, Fernando Santana, para discutir a criação do consórcio público para, enfim, tentar resolver a partir deste ano o problema da região em relação a destinação dos resíduos sólidos. 

Durante encontro com secretários de Turismo das cidades que compõem a Rota Cariri, nesta quarta-feira (20), Glêdson falou um pouco sobre o que foi discutido junto ao governador, que segundo ele garantiu recursos próprios do Estado para colocar o plano de construção do aterro o mais breve possível. 

“Camilo garante que irá fazer com recurso próprio do governo do estado, para ganhar tempo, uma vez que a ideia inicial era desenvolver uma Parceria Público-Privada (PPP). O governo irá fazer a exemplo do que ocorreu com o aterro sanitário de Sobral, devendo sair muito rápido. Inclusive, me reuni ainda esta semana com os prefeitos de Crato e Barbalha, para dialogarmos este assunto. Com essa união de esforços o aterro sanitário enfim sairá do papel. Uma vez construído, Juazeiro será responsável pela manutenção deste”, disse o prefeito de Juazeiro do Norte.

Lixo em Juazeiro 
Questionado quanto a questão do lixo da cidade, e com o problema das constantes paralisações dos servidores terceirizados da coleta e sujeira nas ruas, caos no saneamento e problemas de saúde relacionados poderiam ser solucionados, Glêdson destacou que isto deve ser resolvido de forma transversal, a partir da iniciativa de destinação correta dos resíduos sólidos. 

Segundo ele, ao implantar-se um aterro é natural que venham as políticas transversais de coleta seletiva, compostagem e conscientização ambiental de reutilização e do reuso. A ideia do equipamento será, então, diminuir a quantidade de lixo que entra no local – pago pela tonelada, e então aplicar estas políticas transversais para diminuir os cursos e consequentemente destinar os recursos para as demandas necessárias. 

Um dos principais gargalos atuais, no entanto, é solucionar a questão contratual com a empresa MXM, responsável pela coleta do lixo e limpeza pública de Juazeiro. Em dezembro, os trabalhadores da coleta entraram em paralisação devido atraso no pagamento dos salários e benefícios, como 13º e FGTS. 

“A empresa já reclama uma dívida de R$ 3,9 milhões, que no ano anterior já estava com varias paralisações dos servidores, ocasionando acumulo de lixo pelas ruas. Neste momento estamos na dificuldade para realinhar o preço do contrato. Nossa proposta é reduzir, conforme previsto em sentença judicial e comprometimento da empresa, o valor de R$ 4,3 milhões para R$ 3 mulherões, por recomendações do Ministério Publico. Um vez resolvida essa situação iremos fazer uma força tarefa para limpar o Juazeiro, e estarmos mais folgados para por em prática os demais projetos”, completa o gestor municipal. 

Próxima etapa 
De acordo com a assessoria da Assembleia Legislativa, Fernando Santana estará reunido na próxima segunda-feira (25) em Crato, com dez prefeitos do Cariri para discutir a possibilidade de instalação de uma indústria de resíduos sólidos na região, por meio do Governo do Estado. O encontro contará com a participação do secretário executivo de Saneamento da Secretaria das Cidades, Paulo Henrique Lustosa, que representará o governo estadual na discussão da demanda apresentada pelos gestores municipais de Juazeiro do Norte, Crato e Barbalha. 

“Recebemos a demanda dos prefeitos do Crajubar, que inclusive participaram de audiência com o Governador Camilo Santana, na semana passada, debatendo essa questão dos resíduos sólidos nos municípios do interior do Ceará. De pronto o nosso governador autorizou que fosse iniciado um esforço visando solucionar essa situação que o Cariri ainda atravessa e, neste sentido, vamos à região na próxima semana para dialogar com os demais prefeitos e apresentar, claro, situações que resolvam em definitivo essa demanda”, esclareceu o deputado Fernando Santana.

(Fonte: Site Badalo)

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