Diversos reajustes anuais em serviços básicos prestados ao consumidor - como luz, água e saúde - foram suspensos no ano passado devido à crise econômica desencadeada pela pandemia. Mas como a correção se soma ao reajuste já previsto para 2021, o impacto é ainda maior. Só os preços dos planos de saúde devem ficar até 50% mais caros, segundo simulações do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec). 

O maior percentual de reajuste foi encontrado em um cenário de plano de saúde coletivo por adesão que sofre correção anual e por faixa etária. Uma mensalidade inicial de R$ 441 sofre correção de 20% do reajuste anual e de mais 14,5% da atualização referente a faixa etária. Dessa forma, o valor mensal do serviço passaria a ser de R$ 660,91, aumento de 49,87% ao todo.

Os planos empresariais também apresentaram percentual elevado de aumento, chegando a 49,71%. A partir de uma mensalidade de R$ 405, haveria incidência de reajuste médio de 20% mais 14,4% da correção para a faixa etária. Ao todo, o valor subiria para R$ 606,31. 

Planos individuais 
Segundo a entidade, o percentual de aumento é de, em média, 34,99% para os planos de saúde individual ou familiar. Uma mensalidade inicial de R$ 492 passaria a ser de R$ 664,16 com a atualização. 

O Idec ressalta que utilizou os valores indicados no Painel de Precificação da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) de julho de 2020 para realizar as simulações, sendo, portanto, dados oficiais conservadores que não refletem as históricas distorções no mercado de saúde suplementar. 

“O resultado é assustador, mas não surpreende. Estamos falando de um mercado com desequilíbrios profundos e que foram agravados pela intransigência e falta de transparência da ANS durante a pandemia. Detectamos aumentos de até 50% em simulações conservadoras, e isso é claramente insustentável, ainda mais num cenário de crise sanitária e econômica sem data para terminar”, afirma Teresa Liporace, diretora-executiva do Idec. 

“O que os planos de saúde estão fazendo com os consumidores é cruel e injusto”, acrescenta. 

Monitoramento 
Após o anúncio da suspensão dos reajustes entre setembro e dezembro de 2020, o Idec tem cobrando transparência e equilíbrio da ANS na regulação do mercado. 

“Estivemos sempre em busca de uma situação sustentável para o consumidor, para que os impactos da pandemia na vida das pessoas fosse menos devastador. Mas com a suspensão temporária, os consumidores, ainda afetados economicamente pela pandemia, se deparam em 2021 com aumentos em cascata que são impraticáveis para muitas famílias”, reitera Liporace. 

Em outubro, a entidade ingressou com uma ação na Justiça federal para ampliar o alcance da suspensão dos reajustes a todos os usuários de planos de saúde e odontológicos. 

A ação também pedia que a suspensão abarcasse um período maior, desde março de 2020. Na mesma data, o Idec ainda enviou um ofício para o Tribunal de Contas da União (TCU) alertando para os riscos de abusos na recomposição dessa suspensão.

(Fonte: Diário do Nordeste)

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