Açude Várzea do Boi em março de 2020. FOTO: Blog do Wilrismar

Sob uma quadra chuvosa com índices abaixo da média, o ano de 2021 começa com um total de 20 açudes em evento extremo no Estado: dos 155 reservatórios monitorados pela Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh), 14 deles estão em volume morto e outros seis estão secos. Mesmo sob uma situação melhor do que em fevereiro de 2020, a condição mostra que o Ceará ainda está longe de um volume de abastecimento tranquilo. 

Um total de 16 cidades do Interior têm suas reservas em situação crítica. Delas, cerca de 11 açudes não atingem sua capacidade máxima desde 2009 - último ano de grandes cheias no Estado, com precipitações acima do esperado. A exemplo, Pirabibu, na cidade de Quixeramobim, atingiu 79,57% (ou 58,88 milhões de m³) de sua capacidade no ano da fartura hídrica. Mas nunca atingiu a máxima de volume (74 milhões de m³), segundo dados da Cogerh de 2004 até então, e inicia 2021 totalmente seco. 

Os açudes com volume seco estão literalmente sem água. Já o volume morto é influenciado por uma tomada d'água no açude: quando não há essa ferramenta na represa, a Cogerh toma um açude com menos de 5% de sua capacidade como morto. Já quando há a tomada d’água, o referencial varia de açude para açude. 

Estão com volume seco os açudes Madeiro (em Pereiro), Salão (Canindé), Jatobá (Milhã), Monsenhor Tabosa (Monsenhor Tabosa), Pirabibu (Quixeramobim) e Forquilha II (Tauá). E estão com volume morto os reservatórios Barragem do Batalhão (Crateús), Barra Velha (Independência), Pompeu Sobrinho (Choró), Castro (Itapiuína), Riacho da Serra (Alto Santo), Adauto Bezerra (Pereiro), Joaquim Távora (Jaguaribe), Potiretama (Potiretama), São Domingos (Caridade), Sousa (Canindé), Cipoada (Morada Nova), Trapiá II (Pedra Branca), Várzea do Boi (Tauá) e Favelas (Tauá).

A quadra chuvosa no Estado - principal forma de abastecimento desses açudes - já começou desde 1º de fevereiro. Para Bruno Rebouças, diretor de operações da Cogerh, até então o prognóstico da Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme), de chuvas abaixo da média para o período - que vai até maio -, vem se concretizando somado aos reflexos de uma crise hídrica cearense desde 2012. 

Segundo Rebouças, os últimos três anos têm sido de preocupação para o aporte cearense. Os 155 açudes monitorados pela Companhia refletem uma capacidade de 18,6 bilhões de m³ de água. Entretanto, o volume atual é de 4,58 bilhões de m³, correspondendo a 24,6% do volume atual ocupado. O volume é melhor que o ano passado, mas segue abaixo da média. As informações são do monitoramento diário da Cogerh desta sexta-feira, 5. 

"Frente à crise hídrica, é natural você ter os reservatórios nesse nível baixo", explica. "Independente de ser um bom ano de chuva ou não, no primeiro semestre os reservatórios têm esse índice reduzido. E com o final da quadra chuvosa é feita essa realocação". 

Diante da pouca água, torna-se necessário estabelecer prioridades para seu uso. Entre os prejudicados com os baixos índices, estão os grupos que utilizam o recurso para irrigação. A prioridade também é não deixar ninguém desabastecido. “Como a irrigação é o maior consumidor, ela é a primeira a sofrer restrições. Mas de toda forma, ela continua tendo água. Ela não tem água cortada, justamente para garantir a renda do campo”, explica o diretor da Cogerh.

(O Povo)

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