Crato treina no estádio Mirandão, na sede do município Foto: Antônio Rodrigues

Após seis anos, o Crato volta à primeira divisão do Campeonato Cearense com uma equipe reformulada. Com o fim da parceria com o Atlético Cearense, o grupo de jogadores que levou o Azulão da Princesa à elite estadual voltou ao clube da capital cearense e a diretoria teve que montar um novo elenco do zero. Com 21 dias de pré-temporada, o desafio é se manter na Série A e, para isso, aposta numa cara conhecida do torcedor cratense: o técnico Pedro Manta, que comandou o time em 2006. 

O diretor de futebol Lamar Lima ressalta a “gangorra” que o Crato passou nos últimos anos, desde à disputa da terceira divisão, em 2017 e 2018, à derrota por W.O no ano anterior. “Agora, a gente vai sonhando mais alto novamente”, destaca. Por outro lado, lamenta que a pandemia da covid-19 obrigue o torcedor a se afastar das arquibancadas. “A cidade do Crato coloca muito torcedor na arquibancada e isso já dava para custear uma viagem fora o apoio dentro de campo”.

Desafio 
A chegada do coronavírus impôs grandes dificuldades, principalmente, pela captação de receitas. Cerca de 80% dos recursos vieram do Município. Sem ele, seria difícil colocar o Crato em campo, admite Lamar. “Esse é o maior adversário, não só do Crato, mas de outras equipes de menor porte. A gente sabe a crise que está no comércio e os empresários estão arredios. A gente leva projeto, conversa. O patrocínio que seria um valor X, cai. Tudo isso faz com que a gente trabalhe com pé no chão na hora de contratar e, tudo isso, também influencia na condição que damos no dia a dia”, completa. 

Diante de todos estes problemas, o elenco foi formado com muitos jogadores jovens e, em sua maioria, que nunca passaram pelo futebol cearense. Há atletas vindos do Pernambuco, Rio de Janeiro e Espírito Santo, por exemplo. “As contratações foram muito pontuais. Observamos atletas de todo País, indicados por empresários, amigos e pelo treinador. Muitos bons jogadores não foram aprovados por questões extracampo. Tivemos que ser cirúrgicos. Isso é certeza de dar certo? Não, mas a possibilidade é maior”, detalha Lamar.

Um destes atletas é o atacante Robinho, de 22 anos, que foi revelado no Vitória da Conquista e terá sua primeira passagem no Ceará. Natural de Salvador, se descreve como um jogador “rápido, alegre e que gosta de ir para dentro do adversário”. Apesar de jovem, já possui seis anos de carreira como profissional e trata a ida ao Crato como oportunidade de sua vida. “São sete jogos e tudo pode mudar. Não só na minha vida, mas a vida do clube financeiramente. Espero fazer uma grande competição para que as portas se abram”, sonha o jogador. 

O sonho de Robinho de se tornar jogador profissional começou nos campos de várzea de Salvador até ser descoberto pelo treinador Paulo César, a quem considera “um pai que não tive de sangue”. “Ele conseguiu me enxergar e, através dele, as coisas começaram a andar. Me levou para vários lugares para fazer avaliação até dar certo”, lembra. No Vitória da Conquista disputou sua primeira Copa São Paulo de Futebol Júnior, onde foi destaque, marcando o gol de empate contra o Audax-SP. A partida acabou 1 a 1 e o time baiano foi eliminado nos pênaltis. Mesmo assim, foi o salto importante para estrear nos profissionais aos 16 anos.

Vitrine 
O convite para vir jogar no Crato partiu do Pedro Manta, por indicação do seu preparador físico, que já o conhecia do futebol baiano. Longe de casa, Robinho mata saudade da sua família por telefone ou videochamada. “E assim vai vivendo até as coisas darem certo”, desabafa. Ainda não teve oportunidade de conhecer a nova cidade, pois, está focado na primeira fase do Cearense. “Estou mais resguardado, mas pretendo conhecer sim”, completa.

A estreia do Crato estava agendada para a próxima quarta-feira (10) contra o Icasa, mas devido o seu rival estar na semifinal da Taça Fares Lopes, a partida foi adiada e ainda não tem data definida. Sendo assim, o time dá o pontapé no Campeonato Cearense no próximo dia 13, contra o Caucaia, no Raimundo Oliveira, às 15h30. Apesar do pouco tempo de treinamentos, Pedro Manta acredita que o time tem evoluído e fará uma grande competição. “São sete decisões. Agora nossa preocupação é chegar bem para o primeiro jogo. Buscar a permanência e uma vaga na série D”, detalha. 

Mesmo confiante, Pedro Manta admite que equipes como Icasa, Caucaia, Ferroviário e Pacajus largam um pouco na frente porque vem disputando a Taça Fares Lopes. “Futebol é repetição de gestos. Claro, estamos tentando igualar isso. Deixar o grupo mais homogêneo a nível de competição. É um trabalho árduo que tem que saber a cada jogo. Jogar cada jogo. A gente está moldando para competição”, finaliza.

(Fonte: Diário do Nordeste)

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