Imagem de drone identifica caixa d’água aberta, possível foco de proliferação do mosquito.

Em meio às inúmeras dificuldades causadas pela pandemia do novo coronavírus, o combate a outras doenças segue fundamental, como o trabalho de fiscalização aos possíveis focos de proliferação do mosquito Aedes aegypti, transmissor da dengue. No município do Crato, no Cariri, os agentes de endemias utilizam drones para identificar pontos de acúmulo de água. A tecnologia corrobora com a orientação do Ministério da Saúde, em que os agentes de endemias devem limitar suas visitas à ‘área peridomicilar’ (frente, lados e fundo do quintal ou terreno). 

A iniciativa começou de forma experimental com os próprios agentes de endemias, há dois meses, diante da dificuldade de acesso às condições de terrenos baldios e casas abandonadas. “Por conta da pandemia, não podemos entrar. Ficamos só na área externa. Nisso, a gente encontra muito terreno com muro, portão. Quando bota o drone, visualizamos lá dentro, pegamos as imagens e vamos atrás do proprietário para dar um jeito de eliminar o foco. Sem o drone, não vê nada”, garante o Leonir Oliveira, supervisor de uma equipe de agentes. 

O trabalho é feito com dois drones, cedidos de forma provisória por um amigo de Leonir e pela equipe de Comunicação da Prefeitura de Crato. O trabalho com os aparelhos foi autorizado pela Secretaria de Saúde, que avalia de forma positiva. “É mais um teste e tem tudo para dar certo, porque identificamos muitos lugares com acúmulo de água. Garrafas de plástico, tambor, pneu. Ontem mesmo encontramos uma caixa d’água descoberta numa casa abandonada e hoje já vamos atrás do proprietário para selar e levar uma tela”, detalha o agente de endemias. 

Investimento 
Com este trabalho, a coordenadora de Vigilância em Saúde do Crato, Arlene Sampaio, antecipa que a Secretaria de Saúde do Município já está concluindo um projeto para as compras de, pelo menos, dez drones. “Neste momento de restrição de acesso, tem sido muito importante encontramos a abordagem mais adequada para eliminar esses focos. Foi uma experiência que acabou se tornando um projeto-piloto dessa equipe para expandir para as demais”. 

Com a aquisição, que deve acontecer ainda neste ano, mas que dependerá de processo licitatório, os agentes serão treinados, observando todas as orientações da Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC). “Desde a altura de sobrevoo ao cadastro deles e o treinamento de manuseio com algum especialista”, completa Arlene. 

Preocupação 
A alternativa surge após um momento de alerta com a dengue em todo o Estado. Especificamente na Superintendência do Cariri, composta por 22 municípios, o número de casos mais que dobrou em 2020 em relação ao ano anterior: foram 7.657 infectados contra 3.775, em 2019. Crato liderou as estatísticas no Cariri, com 1.527 pessoas acometidas com a doença, em 2020. Este número supera, inclusive, Juazeiro do Norte, que registrou 1.211 casos de dengue. 

Embora o número de casos tenha sido alto, em 2020, o Município não registrou nenhum óbito. “O ponto positivo é que treinamos as equipes de atendimento, impedindo que o diagnóstico fosse mais grave. Não tivemos óbito, porque houve um manejo clínico adequado”, acredita Arlene. 

Cuidados 
O médico infectologista e professor da Universidade Federal do Ceará (UFC), Ivo Castelo Branco, alerta que, por conta da pandemia, os pacientes com dengue podem encontrar um sistema de saúde congestionado. Por isso, reforça os cuidados domiciliares para eliminar os focos da doença. “Os focos geralmente estão dentro da casa da gente. Nessa hora, as pessoas têm que procurá-los. Diminuindo os focos, os locais de acúmulo de água, diminui a transmissão”.

(Fonte: Diário do Nordeste)

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